Bolsonaro em campanha, agora na reedição da imagem de vítima
Exposição do presidente na maca, seminu, fisgado por múltiplos tubos e cateteres, indica reedição da imagem de vítima na campanha pela reeleição
A exposição de Jair Bolsonaro no Hospital das Forças Armadas, sedado, seminu, fisgado por múltiplos tubos e cateteres, numa evocação do santo católico São Sebastião, indica disposição para reedição da imagem de vítima na campanha pela reeleição.
É aposta marqueteira, de resultado incerto a 15 meses do primeiro turno — o atentado de 2018 aconteceu no início de setembro, um mês antes da primeira rodada eleitoral. Deve funcionar entre devotos, e, se nada acrescenta, pode vir ajudar a mantê-los crédulos e mobilizados na defesa de uma “vítima” do Congresso, do Supremo, etc.
Na vida real, porém, tem-se novos lances de improviso de um governo que há semanas conhecia a delicada situação de Bolsonaro e pouco ou nada fez nesse período para contê-lo, além de preservar sua custosa segurança na redoma palaciana.
Ontem, ministros e assessores garantiram plena escassez de informações sobre o estado do paciente, aparentemente passível de vir a enfrentar uma quinta cirurgia em 34 meses.
+ Quadro melhora e Bolsonaro pode não precisar de cirurgia
Essa gênese da desorganização no centro do governo resultou no descontrole da Covid-19, com 537 mil vítimas registradas até à noite de ontem, quando foi anunciada a prorrogação da CPI da Pandemia pelos próximos 173 dias.