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Jorge Pontes foi delegado da Polícia Federal e é formado pela FBI National Academy. Foi membro eleito do Comitê Executivo da Interpol em Lyon, França, e é co-autor do livro Crime.Gov - Quando Corrupção e Governo se Misturam.
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Decisão de Fachin personifica o bolsopetismo e mostra a saída para 2022

Lula e Bolsonaro precisam um do outro e representam um embate do que há de pior nas duas extremidades

Por Jorge Pontes
Atualizado em 11 mar 2021, 17h45 - Publicado em 9 mar 2021, 14h31

Sem querer entrar nos debates das filigranas processuais sobre a decisão do ministro Edson Fachin, de anular os processos contra o ex-presidente Lula – até porque trata-se de tarefa inglória, pois o Supremo Tribunal Federal e alguns de seus ministros há muito já não funcionam com balizas e parâmetros jurisprudenciais e doutrinários, dentro de uma lógica jurídica esperada de uma corte constitucional, melhor nos atermos por ora tão somente aos aspectos e consequências políticas dessa decisão.

O ministro Fachin aparentemente estaria entregando os anéis para salvar os dedos. Restaria, com essa anulação, prejudicada e sem objeto, a questão da suspeição do ex-juiz Sergio Moro. Estariam a salvo – ao menos por enquanto – os resultados consolidados da Operação Lava Jato em relação a outros réus, assim como preservado o próprio Sergio Moro.

Aqui abrimos um breve parêntese para registrar que o objetivo maior de toda essa grande onda não é apenas anular a operação, mas, principalmente, nocautear definitivamente Sergio Moro, pois a figura do ex-juiz – simplesmente existindo e respirando no território brasileiro, com a plenitude de seus direitos civis – já representa uma ameaça para operadores, prepostos e beiradeiros da corrupção institucionalizado que há tempos sequestrou o nosso país.

Moro personificaria a Lava Jato e tudo que ela representa. Há um temor, ou melhor, um pavor, constante e profundo – por parte dessas elites políticas corrompidas – de que o ex-juiz retorne à vida pública e retome as rédeas do movimento que iniciou em março de 2014, com a própria Lava Jato.

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Quanto ao retorno de Lula ao jogo político com vistas a 2022, podemos entender que o ministro Fachin na realidade colocou um bode na sala – onde, a bem da verdade, já havia um outro bode, que causava enormes transtornos e crises além da conta, que é o próprio presidente Bolsonaro.

Quem sabe agora, com a causa (Lula) e a consequência (Bolsonaro) se apresentando no mesmo palco, com toda a extensão e a soma de seus horrores e mazelas, a sociedade brasileira não perceba a urgência de buscar uma terceira via, uma opção pela moderação, pelo centro e equilíbrio, que viabilize uma fuga da polarização e dos extremos?

Teremos, com Lula e Bolsonaro, na realidade, um monstro de duas cabeças, o bolsopetismo efetivamente personificado numa disputa que não queremos e da qual não precisamos. Lula e Bolsonaro precisam um do outro e representam um clash do que há de pior nas duas extremidades.

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Representam candidaturas que aprofundam a figura do anti-eleitor, do cidadão que vai à urna dizer não, isto é, que nunca escolhe o melhor para o país.

Lula pode ter recuperado a elegibilidade, mas segue desmoralizado por tudo que foi trazido à luz sobre os esquemas de corrupção do PT, enquanto Bolsonaro assiste a sua popularidade derretendo por conta das inúmeras crises que ele mesmo provocou, num governo absolutamente desastroso em todas as áreas, e que em muito já se assemelha aos governos petistas.

Nunca é demais lembrar que foi a terra arrasada provocada pela corrupção do lulopetismo que gerou o fenômeno deletério do bolsonarismo, oferecendo um abismo como alternativa a outro abismo.

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