Lula estica e PF puxa
Ex-presidente tenta aproveitar o clima de tensão pré-prisão até a última gota
Mestre na arte do teatro na política, Luiz Inácio Lula da Silva no momento aproveita o quanto pode do clima de tensão pré-prisão que mobiliza os militantes e mantém o noticiário concentrado na expectativa do desfecho. O prazo dado pelo ministro Sergio Moro para apresentação voluntária expirou e Lula continuou no Sindicato dos Metalúrgicos – local que escolheu para ser preso e ao mesmo tempo remeter à prisão política dos anos 80 quando a entidade sofreu intervenção – cercado por militantes, o que, na prática, impede o cumprimento do mandado sem que haja o risco de violência.
Tudo muito bem calculado pelo petista de modo a ganhar o máximo de tempo possível e esticar o período em que se mantém em destaque a fim de cumprir o roteiro inicial de patrocinar atos de resistência, a despeito da antecipação da ordem de encarceramento. Dizer, como andam dizendo comentaristas, que Lula não está resistindo à prisão e que está disposto a se entregar é um sofisma.
Protegido pelo cordão humano contra o qual seria uma temeridade a polícia investir, Lula cria um impasse, transfere à Polícia Federal a responsabilidade de resolver e ainda conta o conto de que da parte dele não há oposição ao cumprimento da decisão da Justiça.