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Por que a aprovação de empréstimos é maior pela manhã?

Dados da BankFacil — startup que já intermediou 100 milhões de reais na modalidade de crédito com garantia — revelam comportamento financeiro de brasileiros

Por Jadyr Pavão
Atualizado em 28 out 2016, 19h04 - Publicado em 5 abr 2016, 18h53

tarja O QUE OS DADOS CONTAM

Entre os brasileiros que obtiveram empréstimo junto à BankFacil, plataforma digital que conecta clientes e instituições financeiras, quase metade (49%) fez o pedido de crédito entre 12h e 19h. Apesar disso, a maior taxa de solicitações aprovadas foi registrada no período da manhã: 1,3 vez mais do que no vespertino. A comparação com a madrugada é ainda mais favorável à manhã. A parcela de pessoas que levantaram dinheiro entre 8h e meio-dia é quase igual à das que o fizeram entre meia-noite e 8h: 14% e 11% respectivamente. Apesar disso, a taxa de aprovação de crédito pela manhã é 250% superior. Confira os dados no quadro abaixo.

Antes que alguém decida acordar mais cedo para pedir dinheiro, é preciso esclarecer: a BankFacil não ajuda (não nesse sentido) a quem cedo madruga. A aprovação ou não de crédito não obedece às posições dos ponteiros do relógio. Não há, portanto, relação de causa e efeito. É mais interessante que isso. Depois de cerca de dois anos e meio analisando terabytes de dados para conceder ou rejeitar pedidos de crédito, a empresa descobriu que o horário pode ser um dos indicadores da situação e do perfil de quem precisa tomar dinheiro emprestado e também um previsor do comportamento futuro dessas pessoas.

“Nossa visão hoje é que as pessoas que têm mais chances de obter crédito são as que acessam o computador a partir do trabalho. Ou seja, elas estão empregadas, têm, portanto, mais chances de reequilibrar as contas, honrar dívidas e planejar o futuro. Quem procura crédito de madrugada provavelmente, já tem um problema financeiro mais relevante: pode estar ‘negativado’ no Serasa ou no Banco Central, pode ter perdido o emprego. O mau comportamento de crédito o leva a buscar dinheiro de madrugada”, diz o espanhol Sergio Furio, cofundador e CEO da BankFacil.

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O horário, é claro, não é o único indicador a predizer um potencial mau pagador. Buscar empréstimo nesse horário, aliás, não tira ninguém da fila de crédito – apenas “acende um alerta”. O sistema de inteligência da BankFacil analisa cerca de mil (!) indicadores para atribuir uma nota ao potencial cliente. É um autêntico trabalho de big data. Entram na conta os tradicionais comprovantes financeiros (CPF “limpo”, certidões negativas etc.), mas também pecinhas que e motor de inteligência da empresa consegue reunir a partir da internet. É o caso do horário de acesso, além de dados inusitados como a versão do browser e do sistema operacional do computador do solicitante (“modelos antigos podem denunciar dificuldades para renovar os equipamentos”, diz Furio) e até o tempo gasto para responder a questões relativas ao empréstimo. Também são considerados dados relativos aos bens usados como garantia pelos clientes, já que a empresa trabalha na modalidade conhecida como crédito com garantia, em que carros e imóveis são apresentados como salvaguarda do dinheiro levantado.

“Reunimos os cerca de mil indicadores acerca dos potenciais clientes e os analisamos para determinar três coisas: capacidade de pagamento dessa pessoa, liquidez dos bens que ela apresenta como garantia e propensão para pagar ou não o empréstimo”, diz Furio. Nesse trabalho de garimpo, as pedras de valor, os “bons clientes”, são encaminhados para as instituições financeiras, que efetivamente liberam o dinheiro. No garimpo, trabalham cerca de 75 pessoas, sendo 28 desenvolvedores, quatro cientistas de dados e quatro analistas de negócios. Os projetos e a demanda apontam que o time deve chegar a 200 até o fim do ano.

A inteligência e a modalidade do negócio oferecem dividendos aos brasileiros. Quem toma dinheiro oferecendo a casa ou o carro como garantia, paga de juro algo em torno de 20% e 34% ao ano, respectivamente. A taxa média do cartão de crédito é de 440% ao ano. “Os bancos não têm gente preparada pra fazer o crédito tendo o bem como garantia. Isso demanda processos longos e trabalhosos de análise”, diz Furio. É aí que entra seu garimpo.

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Em cerca de dois anos e meio, a empresa azeitou o total de 100 milhões de reais em crédito, valor atingido em novembro do ano passado. O objetivo é dobrar o valor “no curto prazo”. Todo mês, cerca de 500.000 visitantes simulam operações na plataforma – o número de operações fechadas é segredo. O objetivo é triplicar a marca até o fim de 2016. Há espaço para isso. Segundo dados reunidos por Furio, 75% das famílias brasileiras são proprietaŕias dos imóveis ondem moram, e 65% da frota nacional de veículos (45 milhões de carros) está quitada. São bens que, em tese, podem ser usados para reduzir a dívida das familias brasileiras, estimada em 1,5 trilhão de reais – desses, 800 bilhões de reais pagam 64,8% de juro ao ano. “Falta conhecimento do consumidor sobre o crédito com garantia”, diz Furio.

Oferecer crédito “amigável” é a realização do projeto de Furio, que trocou a carreira no setor financeiro em Nova York pelo Brasil com uma missão: introduzir eficiência no mercado local e oferecer taxas de juros não hostis. Deu certo. A empresa já recebeu 13 milhões de reais de aporte dos fundos de investimento Redpoint e.ventures, Quona Capital (ex-Acción) e QED Investors.

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Dados do BankFacil

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