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“O ‘selfie’ é um idioma universal”, diz criador do Selfie.im

Funcionário número dez do Tumblr, empreendedor fala ao site de VEJA sobre a criação do aplicativo dedicado aos autorretratos: 'Fizemos em uma semana'

Por Rafael Sbarai
29 nov 2013, 09h14

O vietnamita Joshua Nguyen, de 34 anos, foi o primeiro empreendedor no mundo a observar o crescimento exponencial do selfie, autorretrato geralmente registrado pelas câmeras dos smartphones para exibição nas redes sociais. O fenômeno global, em ascensão principalmente entre jovens de 13 a 24 anos, ganhou na última semana o título de palavra do ano, segundo o respeitabilíssimo Dicionário Oxford, o mais extenso da língua inglesa. Quando ainda integrava a equipe do Tumblr, híbrido de rede social e blog adquirido recentemente pelo gigante Yahoo!, Nguyen identificou um problema no universo digital: não havia um produto exclusivamente dedicado a esse mercado. Foi então que decidiu abandonar o emprego – era o funcionário número dez do Tumblr – e aceitar o desafio proposto em agosto deste ano por seu amigo, o engenheiro americano Alaric Cole: disponibilizar esse novo serviço no mercado em apenas uma semana.

A promessa foi cumprida: o Selfie.im, disponível gratuitamente para iPhone, iPad e iPod Touch, é minimalista: possui apenas dois botões – um para capturar a imagem, outro para programar o instante em que a foto será feita (temporizador). As imagens correm na rede, sem a presença dos botões de compartilhamento das principais redes sociais. “Não queremos, por ora, inserir ícones que pressionem pessoas a compartilharem mais e mais seus conteúdos”, explicou Nguyen ao site de VEJA. Ele desconversa sobre o número de usuários e modelo de negócio, mas garante que houve um crescimento de 200% entre os meses de setembro e outubro. Quatro a cada dez usuários já estão fora dos Estados Unidos, maior mercado da companhia, e a média de idade está entre 17 e 25 anos, público fiel aos selfies. Em entrevista exclusiva, Nguyen explica as razões pelas quais as pessoas registram tantos autorretratos na web. “Selfie se tornou um idioma universal”. Confira a conversa a seguir:

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Joshua Nguyen, criador do Selfie
Joshua Nguyen, criador do Selfie (VEJA)
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Por que você deixou o Tumblr? Após cinco anos dedicados ao Tumblr e Flickr, cheguei à conclusão de que teria condições de levar visões de negócio e responsabilidades adquiridas nessas empresas aos meus projetos. Essas startups (que, hoje, foram incorporadas ao Yahoo) cresceram, saltando rapidamente de dez para cem funcionários. Ao se tornarem companhias maiores, acabaram criando mais processos, barrando a inovação. Isso me incomodou. Sou de uma geração que busca criar produtos com rapidez e satisfação do meu consumidor.

Quais são as razões pelas quais as pessoas registram tantos autorretratos na web? A face é a parte mais expressiva do ser humano. Você não precisa de dicionário ou tradutor para compreender se alguém está feliz ou triste. É, sobretudo, um idioma universal. Ao ter um smartphone nas mãos, por exemplo, você tem reais condições de mostrar seus sentimentos – sem artifícios, como os populares filtros que distorcem fatos. Recentemente, percebi que muitos fãs de músicos ou celebridades gostam quando veem fotos registradas por um smartphone de seus ídolos aos moldes de um autorretrato e tiradas rapidamente, de maneira até amadora. Isso nos mostra o quanto eles são parecidos conosco! Autorretratos mostram, aos poucos, que valem mais que imagens de café ou comida.

O que o motivou a criar o Selfie? Queria testar se as pessoas são tão fascinadas por autorretratos como eu e Alaric. Estamos no começo, mas já percebemos que o usuário aderiu ao app também para mostrar como está seu humor. Ao baixa-lo, você terá condições de seguir seus amigos ou até mesmo acompanhar os autorretratos mais populares de pessoas que você nunca viu – sem a presença ubíqua dos botões de compartilhamento de redes sociais, como Facebook, Twitter e Instagram. Não queremos, por ora, inserir ícones que pressionem pessoas a compartilharem mais e mais seus conteúdos. Queremos fornecer a nossos usuários um lugar no qual se sintam representados de maneira autêntica.

E por que, ao registrar uma foto, todo e qualquer usuário do serviço pode visualizá-la? Não há um problema de privacidade? Não. Nosso valor é transmitir os sentimentos das pessoas a partir de imagens – caso ele queira compartilhar fotos com outras conotações, como sexuais, elas deverão usar outro aplicativo ou serviço. Está nos termos de uso que suas imagens serão públicas entre os usuários do app. O Selfie.im serve para as pessoas mostrarem seu estado de espírito.

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Por que o serviço não possui recursos como o de filtros para imagens, a exemplo do Instagram? O mundo digital já tem filtros suficientes para seus usuários adaptarem suas imagens. Nesses serviços, os cadastrados competem diariamente para ter as melhores fotos no melhores restaurantes, shows e festas – o que é muito legal, se estudarmos o comportamento deles. Mas descobrimos que há um grupo que não quer receber essas informações: quer, sobretudo, situações reais do dia, como o momento quando você acorda, quando espera um ônibus ou assiste à TV. Esses elementos estão em extinção nas redes sociais e é, talvez, um dos motivos pelos quais as pessoas estão deixando o Facebook. Queremos provar que dias comuns são também muito interessantes.

Ao aderir ao aplicativo, o usuário pode se assustar com a ausência de uma caixa de comentários abaixo das imagens publicadas. Qual é a estratégia? Estamos experimentando o modo como nossos usuários acessam o serviço, mas prefiro usar como argumento um velho ditado: uma imagem vale mais que mil palavras. Estamos pensando quais são os melhores recursos para as pessoas comentarem as imagens. Temos, no momento, uma conclusão: não queremos usar o sistema tradicional que reúne esses conteúdos. O recurso não traz valor algum a nossos usuários.

Recentemente, o cantor canadense Justin Bieber anunciou investimento de 1,1 milhão de dólares no Shots of Me, app similar ao Selfie.im lançado há poucos dias. A chegada da concorrência o preocupa? Criamos o Selfie em apenas uma semana. Senão me engano, eles levaram alguns meses para criar um app parecido (risos). Mantendo a equipe pequena e focada, podemos ser mais ágeis que nosso concorrente, uma vez que temos um objetivo bem declarado: dar atenção – e ouvir – nossos usuários, sem qualquer pressão por investimento ou novas adesões. Todo meu investimento financeiro está dedicado a essa ferramenta. E eu acredito que ela possa crescer mais e mais.

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