Andar na moda ganhou um novo sentido com a transformação de óculos, pulseiras e relógios em pequenos computadores portáteis, conectados ao corpo e à internet. “Estamos entrando na era da informática no vestuário”, explica Van Baker, analista de tecnologia no instituto de pesquisa Gartner. “As pessoas vão se deslocar com dispositivos pessoais em contato com o corpo e terão ferramentas que se comunicam entre si e com a internet”.
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Esses acessórios inteligentes permitem a medição de dados relacionados com o próprio corpo, desde a qualidade e duração do sono até a quantidade de calorias queimadas na academia. Por isso, encontraram um habitat natural nas academias, com gadgets como as pulseiras Jawbone UP, Nike FuelBand e Fitbit, que utilizam sensores para detectar o menor movimento do corpo e enviar a informação recolhida para celulares ou tablets, onde aplicativos processam e analisam os dados.
A empresa Jawbone, com sede em São Francisco, se lançou no mercado mobile há vários anos com a introdução de minicomputadores em fones de ouvido e microfones para smartphones. A companhia se expandiu com a compra da BodyMedia, fabricante de pulseiras que registram em tempo real as calorias queimadas. O bracelete é utilizado em um reality show da TV americana em que participantes com sobrepeso devem emagrecer. “Há um grande desejo entre os consumidores por dados pessoais e pelo descobrimento de si mesmos. A demanda continuará crescendo”, diz Hosain Rahman, proprietário e fundador da Jawbone.
Humor – Mas a academia não é o único lugar onde o vestuário tecnológico está em alta. Hoje em dia há dispositivos capazes de recomendar ao usuário um filme baseado em seu humor.”É simplesmente incrível. O futuro parece emocionante”, afirma o professor Asim Smailagic, diretor de um laboratório de pesquisa de informática para vestuário da Universidade Carnegie Mellon, na Pensilvânia. Smailagic começou suas pesquisas há 25 anos, sobretudo em projetos de capacetes inteligentes para o pessoal responsável pela manutenção de aeronaves.
Segundo ele, o aparecimento de sensores de movimento e de som muito sofisticados e de baixo custo, assim como do GPS e aplicativos desenvolvidos para celulares cada vez mais potentes, abriu caminho para uma ampla democratização da informática no vestuário.
Extensão do corpo – Essa inteligência portátil vai além da simples geolocalização ao propor algo baseado na informação da qual dispõe, como sugerir ao usuário um restaurante próximo quando ele tem poucos minutos para almoçar entre dois compromissos. “Quando se combina tecnologia ao vestuário, por meio de sensores e máquinas de algoritmos, se obtém ‘contexto’. O computador conhece o humor do usuário e é capaz realmente de ajudar em função da situação”, diz Smailagic.
Segundo o professor, os óculos que estão prestes a ser comercializados pelo Google, o Google Glass, equipados com uma câmera e conectados à internet, serão um sucesso, apesar das preocupações levantadas sobre uma possível invasão de privacidade. “A tecnologia no vestuário deve ser discreta e parecer uma extensão natural do corpo”, disse Smailagic. “Os óculos do Google resolvem esses problemas”, acrescentou.
Tecnologia portátil – Tim Cook, presidente da Apple, disse no mês passado que acredita em uma informática de miniatura, aplicável, por exemplo, ao tamanho de um relógio. Segundo Cook, um exército de empresas trabalharão no campo da informática no vestuário. O executivo se esquivou da pergunta sobre a criação de um relógio da Apple, apelidado pelo mercado de “iWatch”, mas deixou um mistério no ar: “O pulso é um lugar interessante para desenvolver a tecnologias portáteis.”
Muitas empresas apostam na criação de relógios inteligentes que permitam telefonar, tuitar, navegar na web ou contar os passos do usuário. Recentemente, começaram as vendas dos relógios inteligentes Pebble, uma companhia criada após o sucesso na arrecadação de 10 milhões de dólares no site de crowdfunding (investimento comunitário) Kickstarter.
(Com agência France-Presse)