Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana
Continua após publicidade

Com Cenas, Instagram entra na briga ideológica e comercial de EUA e China

A funcionalidade, em teste no Brasil, surge no momento em que autoridades americanas sinalizam preocupação com o chinês TikTok. Zuckerberg aproveita a deixa

Por André Lopes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 22 jun 2020, 17h15 - Publicado em 12 nov 2019, 18h05

Nesta quarta-feira (12), o Facebook anunciou o teste da função Cenas, exclusivamente no Instagram brasileiro. Trata-se de uma ampliação dos recursos de edição de vídeo para a rede social, de propriedade da companhia. Mas também, e principalmente, uma etapa do intenso trabalho de relações públicas de Mark Zuckerberg, intensificado no mês passado, para enfrentar o rival chinês TikTok e outras investidas tecnológicas do país comunista frente aos EUA.

“Enquanto nossos serviços, como o WhatsApp, são usados ​​por manifestantes e ativistas em todos os lugares do mundo, devido a fortes proteções de criptografia e privacidade, no TikTok as menções desses mesmos protestos são censuradas, mesmo aqui nos EUA. Essa é a internet que queremos?”, sentenciou o mandachuva no dia 17 de outubro, quando realizou um pronunciamento na Universidade de Georgetown e, digamos assim, o primeiro dos vários passos da empreitada anti-TikTok.

Nesse discurso, o bilionário apontou que, apesar da reputação combalida devido aos escândalos de privacidade dos anos anteriores, os seus negócios deveriam ser encarados como ferramentas americanas em favor da guerra comercial com a China. Assim, colocou-se ainda como representante global da liberdade de expressão, um dos tantos valores que antagoniza os EUA com a nação asiática, que na prática é gerida pela ditadura imposta pelo Partido Comunista.

Na sequência, no dia 21 do mês passado, Zuckerberg prestou a explicações acerca do preocupante cenário no qual seus sites e apps se viram mergulhados. Em conferência com veículos de imprensa do mundo tudo, incluindo VEJA, o CEO explicou como o Facebook se livrou de perfis vindos da Rússia, do Irã e da China, que estavam preparados para agir em uma rede mundial de manipulação política.

“O modo de se fazer eleições mudou de forma significativa, assim como o Facebook mudou”, pontuou o bilionário. Na conversa houve muita insinuação de como o Partido Comunista usaria empresas digitais locais como ferramentas de censura, de controle social e de espionagem internacional.

Continua após a publicidade

Também se acrescenta na conta dessa disputa a ida do CEO ao congresso dos EUA para responder perguntas e defender a aprovação pelo governo americano da sua moeda virtual, a Libra – argumentando que se tratava de sair na frente de alguma intenção chinesa de fazer o mesmo. “Esse avanço vai acontecer e eu acredito que deveria ser uma empresa americana na liderança”, defendeu Zuckerberg.

A estratégia foi efetiva. O medo da aproximação digital da China acionou o radar dos parlamentares americanos e trouxe o TikTok para o centro da discussão. Por se tratar de uma rede social de apelo sobretudo com usuários abaixo dos 20 anos, o TikTok chegou rapidamente ao número de 1 bilhão de usuários, figurando entre os aplicativos mais baixados da loja da Google nos últimos 4 meses, e com adoção crescente dos americanos.

Para entender melhor o que representava o TikTok, o Senado dos EUA realizou na semana passada uma audiência para tratar da relação da China com a tecnologia, incluindo convite (prontamente recusado) para que representantes da companhia chinesa fossem até lá participar. Ao comentar a ausência, o senador republicano Josh Hawley criticou a nova rede social: “As empresas de big tech deixam nossos dados expostos a criminosos, como os da China, dentre outros maus atores. Convidei o TikTok e a Apple (que distribui o aplicativo pela AppStore) para depor nesta semana sobre seus negócios e os riscos para consumidores americanos. Até agora, ambos estão recusando. Estão escondendo algo?”.

Continua após a publicidade

Para Zuckerberg, o cenário assim se tornou favorável. Os políticos ficaram preocupados com a empresa chinesa e pediram para que órgãos reguladores investiguem como os dados dos usuários americanos são armazenados e se isso representa algum tipo de violação da segurança nacional. Logo, espera-se que alternativas nacionais contra o TikTok sejam apoiadas.

Na manga, Zuckerberg já movimentava o Lasso, uma cópia facebookiana do TikTok, introduzida em países onde o app asiático não tem bom desempenho, como no México e no Brasil. E agora, em meio a toda essa esteira política, surge a recém-lançada função Cenas, do Instagram, que segue os mesmos moldes da introdução do Stories, no mesmíssimo app — que então usurpou as inovações mercadológicas do rival Snapchat. Na nova tática, Zuckerberg busca desviar os jovens que estão baixando o TikTok, em favor da fidelização para com o aplicativo no qual eles já estão em grande maioria, o Instagram.

Caso o recurso vingue no Brasil, e dê certo também quando for experimentado nos EUA, especula-se que talvez Zuckerberg receba algum agrado do Congresso americano. Na lista de possibilidades avaliadas: que se deixe de lado as investigações antitrustes que estão no encalço da empresa; o perdão de multas consequentes de irresponsabilidades na forma de lidar com os dados dos usuários; ou até mesmo, como muita sorte, um definitivo “sim” do Congresso para a a criptomoeda Libra.

Isso porque nos bastidores corre a informação de que a briga do Facebook com o TikTok abrange muito mais do que uma simples disputa por mercado. Avalia-se que se trata de uma guerra entre ideologias americanas e chinesas, com repercussões que devem impactar a formação desta e das próximas gerações de jovens.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Semana Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

a partir de 35,60/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.