Técnico de enfermagem perde 70 quilos com aplicativo e ajuda médica
Carlos Arruda, 36, estava com cirurgia bariátrica marcada, mas desistiu. Hoje, participa de grupo de corrida e já disputou uma São Silvestre
Aos 30 anos de idade, pesando 145 quilos e considerado um obeso de grau 3 (antigamente chamado de obeso mórbido, termo que caiu em desuso), o técnico de enfermagem Carlos Henrique Lemos Arruda, hoje com 36 anos, estava com tudo pronto para se submeter a uma cirurgia bariátrica (de redução do estômago) para conseguir emagrecer, mas desistiu dias antes da data marcada.
“Eu estava com esteatose hepática (gordura no fígado), hipertensão e desgaste na articulação dos joelhos. Passei numa farmácia e decidi me pesar. Quando vi os 145 quilos tomei um susto. Eu tenho dois filhos e não estava conseguindo brincar com eles. Precisava fazer algo”, diz.
Todos os exames que Carlos tinha em mãos, incluindo os laudos do médico, da psicóloga e da nutricionista atestavam a necessidade da cirurgia para a perda de peso, mas ele não quis — mesmo o procedimento sendo indicado e considerado efetivo para muitos casos. Preferiu tentar eliminar o excesso de peso por conta própria, com ajuda especializada e de um aplicativo no celular.
A ajuda profissional surgiu como iniciativa do próprio convênio médico de Arruda, logo quando ele buscou médicos para perder peso. Ao iniciar os exames, soube que seu plano oferecia um programa de acompanhamento para pacientes obesos com consultas mensais intercaladas com endocrinologista e nutricionista, além de um monitoramento semanal.
“Decidi experimentar o programa antes de me submeter à cirurgia, que seria muito mais invasiva. Baixei um aplicativo no celular (Eu Atleta) para auxiliar no controle do consumo e do gasto calórico, além do acompanhamento da perda de peso”, conta. Tudo o que Carlos comia e toda atividade física que ele fazia era informada no aplicativo, que traçava metas a serem alcançadas. “Nem sempre conseguia, mas unir o aplicativo com a orientação profissional foi essencial para me ajudar”, afirma.
Quatro pães no café da manhã
Desde a adolescência Arruda brigou com a balança. Como sempre estava acima do peso, vivia o conhecido efeito sanfona, emagrecendo e recuperando o peso perdido em seguida. Nunca alcançou uma estabilidade, e os regimes milagrosos eram sempre seus alvos na vida.
Arruda chegava a comer quatro pães franceses no café da manhã e repetia o feito na hora do almoço — alegando, na época, não ter tempo para almoçar corretamente. Também substituía o jantar por lanches, tornando a sua alimentação basicamente feita com carboidratos. “Eu não tinha critério nenhum.”
Logo no primeiro mês de acompanhamento profissional, dieta balanceada e prática de atividades físicas — musculação e caminhada —, nove quilos foram eliminados. A conquista foi o suficiente para Arruda continuar participando do programa e manter à risca as orientações de dieta e de atividade física.
“Antes da perda de peso eu comia tudo errado, não tinha horário para nada. Não cortei o pão totalmente, mas comecei a me regrar. Em vez de quatro, comia um. Também passei a fazer refeições em porções menores”, conta.
Ao longo de um ano de esforços, Arruda perdeu 63 dos 145 quilos. Conseguiu eliminar mais sete quilos nos dois meses seguintes e foi submetido a uma cirurgia plástica para tirar o excesso de pele — uma das consequências da sua perda de peso. Só nesse procedimento, cerca de três quilos de pele foram retirados do corpo de Arruda.
“Sou completamente outra pessoa. Antes, não conseguia correr para pegar um ônibus. Estava sempre ofegante e suando. Fora isso, tinha muita dor nos joelhos, o que já era um sinal de desgaste das articulações. O desafio agora é conseguir manter o peso e esse será um cuidado eterno”, afirma.
Hoje, Arruda não tem mais o acompanhamento profissional do plano de saúde. Seu peso oscila entre 75 e 79 quilos, mas ele não esquenta a cabeça com isso. Afirma estar completamente adaptado ao novo estilo de vida e à reeducação alimentar.
Para manter o corpo e a saúde em dia, Arruda participa de um grupo de corrida de rua (corre três vezes na semana), faz musculação e cuida rigorosamente da dieta. Já conseguiu correr meia maratona (21 quilômetros) e uma São Silvestre. Está se preparando para correr uma maratona completa (42 quilômetros) em 2019 — um dos seus principais objetivos para este ano. Guarda, com orgulho, mais de 50 medalhas conquistadas em várias corridas que já participou, mas diz que seu verdadeiro troféu é ter conseguido emagrecer sem cirurgia.
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