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Saiba qual o tempero que aumenta o estresse

Além de fazer mal para os rins e o coração, estudo mostra que sal aumenta em 75% os níveis de hormônio ligado ao estresse

Por Simone Blanes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 25 nov 2022, 16h33

Uma dieta rica em sal pode contribuir para o aumento dos níveis de estresse, aponta um novo estudo da Universidade de Edimburgo, na Escócia, publicado em novembro na Cardiovascular Research. Em ensaios com camundongos, os pesquisadores descobriram que o sal aumentou os níveis de um hormônio ligado ao estresse em 75%. “Sabemos que o sal em excesso tem sim muitos malefícios.

É a maior causa de hipertensão arterial (pressão alta), além de causar retenção de líquidos e constrição (estreitamento) das arteríolas, com consequente elevação da pressão arterial”, diz Caroline Reigada, médica nefrologista, especialista pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. “A hipertensão de longa data lesa os rins e seus diversos vasos, ou seja, ocorrem lesões de órgãos-alvo, como acontece no coração e no cérebro. Dados recentes mostram que o sódio (sal) também modula o funcionamento de células imunológicas, apoiando a teoria do aumento inflamatório no organismo” completa Caroline que defende uma revisão da política de saúde pública em torno do consumo de sal, com o objetivo de que os fabricantes reduzam a quantidade nos alimentos processados.

No estudo, os especialistas trocaram a dieta de camundongos com pouco sal por alimentos com alto teor de sal. A ingestão da substância aumentou a atividade dos genes que produzem as proteínas no cérebro que controlam como o corpo responde ao estresse. “É necessário entender se uma ingestão elevada de sal leva a outras mudanças comportamentais, como ansiedade e agressividade”, diz a médica nefrologista. “Somos o que comemos e entender como alimentos com alto teor de sal alteram nossa saúde mental é um passo importante para melhorar o bem-estar. Sabemos que comer demais o sal danifica nosso coração, vasos sanguíneos e rins. Este estudo agora nos diz que o alto teor de sal em nossa comida também muda a maneira como nosso cérebro lida com o estresse”, acrescenta.

A médica nutróloga Marcella Garcez, diretora e professora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN), concorda. Ela alerta que a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que o consumo de sal não ultrapasse 5 gramas por dia — ou 2 gramas de sódio, mineral que compõe o sal. “Só que o brasileiro ingere quase o dobro disso: em média 9,34 gramas, segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)”, afirma. De acordo com a especialista, o consumo excessivo é um perigo para a saúde, pois o sal está relacionado ao aumento do risco de doenças crônicas e silenciosas, como hipertensão arterial, doenças cardiovasculares, doenças renais, entre outras, que podem evoluir com risco aumentado de morte precoce. “Embora os efeitos no coração e no sistema circulatório tenham sido bem estabelecidos, pouco se sabia sobre o impacto no comportamento de uma pessoa. No estudo, os pesquisadores descobriram que não apenas os níveis de hormônio do estresse em repouso aumentaram, mas a resposta hormonal dos camundongos ao estresse ambiental foi o dobro da dos ratos que tiveram uma dieta normal”, completou Caroline.

Para reduzir a ingestão de sal, as médicas argumentam que, além de diminuir o sal extra adicionado após as preparações, o ideal é, na medida do possível, preparar as próprias refeições, uma vez que dessa forma dá para diminuir a quantidade de sódio. “Nunca conseguiremos ter controle da quantidade de sal adicionado em uma refeição comprada em restaurante, fast-foods e delivery. Em casa, na preparação, uma dica é preferir temperos naturais para dar sabor à comida, como: alho, cebola, salsinha, cebolinha, coentro, limão ou outros de sua preferência”, diz Caroline. “Assim como devemos adequar o paladar doce para reduzir os excessos de açúcar, o acréscimo de especiarias e temperos proporcionará sabor, sem excessos de sal. Temos ciência de que estratégias de redução de sal no nível social reduzirão os níveis médios de pressão arterial da população, resultando em menos pessoas desenvolvendo hipertensão e suas consequências, lembrando que a pressão alta é a primeira principal causa de insuficiência renal”, finaliza a médica.

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