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Bebês sensatos? Saiba em qual campo eles superam a inteligência artificial

Novo estudo mostra que crianças de 11 meses superam as máquinas e ferramentas de IA na psicologia do bom senso

Por Simone Blanes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 21 fev 2023, 15h57 - Publicado em 21 fev 2023, 15h55

Um novo estudo da Universidade de Nova York, nos Estados Unidos, mostrou que os bebês superam a inteligência artificial (IA) na detecção do que motiva as ações de outras pessoas. No trabalho, feito por pesquisadores em psicologia e ciência de dados e publicado na revista Cognition, os resultados destacam diferenças fundamentais entre cognição e computação, apontam as deficiências nas tecnologias atuais e as melhorias necessárias para que a IA replique de forma mais completa o comportamento humano.

“Adultos e bebês podem facilmente fazer inferências confiáveis ​​sobre o que impulsiona as ações de outras pessoas”, diz Moira Dillon, professora assistente do Departamento de Psicologia da Universidade de Nova York e autora principal do estudo. Segundo a especialista, a atual IA considera essas inferências difíceis de fazer. “Por isso, surgiu a ideia de colocar bebês e IA frente a frente nas mesmas tarefas, o que permite descrever melhor o conhecimento intuitivo dos bebês sobre outras pessoas e as maneiras de integrá-lo à inteligência artificial”, acrescenta.

Na pesquisa, os cientistas ressaltam que o fascínio dos bebês por outras pessoas é evidenciado pela quantidade de tempo em que eles olham para os outros, observaando suas ações e se envolveendo socialmente. Também jogam luz a estudos anteriores focados na “psicologia do senso comum” dos bebês, que além de atestar sua compreensão de intenções, objetivos, preferências e racionalidade subjacentes às ações dos outros, indicam que são capazes de atribuir objetivos aos outros e esperar que eles os persigam racionalmente e eficientemente, capacidade fundamental para a inteligência social humana.

“Se a IA visa construir pensadores flexíveis e de bom senso como os adultos humanos, as máquinas devem recorrer às mesmas habilidades básicas que os bebês possuem na detecção de objetivos e preferências”, afirma Brenden Lake, professor assistente do Centro de Ciência de Dados e Departamento de Psicologia da NYU e um dos autores do artigo. Por outro lado, a “IA de bom senso” — impulsionada por algoritmos de aprendizado de máquina — prevê ações diretamente.  Ou seja, falta a flexibilidade para reconhecer diferentes contextos e situações que orientam o comportamento humano.

Assim, para desenvolver essa compreensão fundamental das diferenças entre as habilidades dos humanos e da IA, os pesquisadores conduziram uma série de experimentos com bebês de 11 meses de idade, comparando suas respostas com as produzidas por redes neurais orientadas ao aprendizado de última geração.

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Para tanto, implantaram o “Baby Intuitions Benchmark” (BIB) – seis tarefas que investigam a psicologia do senso comum por meio da inteligência de bebês e máquinas, com comparações de desempenho que desenham uma base empírica para a construção de uma IA semelhante à humana.

No Zoom, os bebês assistiram a uma série de vídeos de formas simples e animadas se movendo pela tela – semelhante a um videogame. Essas formas simulavam o comportamento humano e a tomada de decisões por meio da recuperação de objetos na tela e outros movimentos. Da mesma maneira, os pesquisadores construíram e treinaram modelos de redes neurais orientados ao aprendizado (ferramentas de IA) que ajudam os computadores a reconhecer padrões e simular a inteligência humana, testando as respostas dos modelos para os mesmos vídeos.

Os resultados mostraram que os bebês reconhecem motivações humanas mesmo nas ações simplificadas de formas animadas. Ou seja, preveem que essas ações são motivadas por objetivos ocultos, mas consistentes, o que demonstraram por meio de uma observação mais longa. Adotar esse “paradigma da surpresa” para estudar a inteligência da máquina permitiu comparações diretas entre a medida quantitativa de surpresa de um algoritmo e uma medida de surpresa psicológica humana bem estabelecida dada pelo tempo de observação de bebês. “O conhecimento básico de um bebê humano é limitado, abstrato e reflete nossa herança evolucionária, mas pode acomodar qualquer contexto ou cultura em que ele possa viver e aprender”, finaliza Moira.

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