Atire a primeira empada quem nunca encarou o espelho e decidiu que a chegada do verão era hora de colocar o corpo em dia.
É consenso entre médicos e nutricionistas que perder muitos quilos rapidamente, com dietas pouco calóricas, não é uma boa solução. “Quem emagrece muito rápido tende a recuperar tudo depois”, avisa o endocrinologista Paulo Rosenbaum, do Hospital Albert Einstein. “Paga-se um preço muito alto”, alerta a nutricionista Sophie Deran, coordenadora do Projeto Genética de Transtornos Alimentares Ambulim/Laboratório de Neurociências do Hospital das Clínicas. “Na maioria dos casos também se perde massa magra e água, e o problema é que se recupera o peso em gordura”, explica.
Alguns cuidados, entretanto, podem agilizar o adeus a algumas gordurinhas. O primeiro deles é organizar a alimentação, tornando-a mais saudável, caprichando na ingestão de frutas, verduras e legumes, e deixando de lado alimentos gordurosos e doces, como pizzas e sorvetes. “Alguma pessoas têm a alimentação muito ruim e só de começarem a cuidar do que comem, optando por alimentos mais saudáveis, perdem peso rapidamente”, conta a endocrinologista Maria Edna de Melo, presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso).
As dietas de restrição de carboidratos também ajudam a perder peso rapidamente. Tudo por conta do efeito térmico dos alimentos, ou seja, do quanto vamos usar dessa comida para digeri-la. “Gastamos 20% do que comemos de proteína e apenas 5% nos carboidratos e 2% do valor calórico das gorduras”, revela a nutricionista Myrian Najas, professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Portanto, haverá maior gasto energético numa dieta com menos carboidrato e mais proteínas. É fundamental também abolir os doces. “Eles têm açúcar e gordura juntos, formam uma bomba”, alerta a nutricionista Myrian Najas.
“Mas não adiante adianta cortar o carboidrato se, no lugar dele, consumir um prato gorduroso e muito calórico”, completa a também nutricionista Mônica Beyrute, da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso). “Muitas pessoas acreditam que deixar de comer carboidratos à noite é uma medida eficaz. Não importa o que se coma à noite, mas sim o que comeu ao longo de todo o dia”, continua.
De qualquer forma, as nutricionistas alertam que é importante não abusar da restrição, e realizar essa dieta por no máximo três ou quatro semanas, pois o organismo precisa da energia do carboidrato para funcionar. E mais: “Uma pessoa que perde mais de 100 gramas por dia, o equivalente a três quilos por mês, perde massa muscular”, ensina Myrian.
O álcool também deve ficar de fora, alerta o médico Renato Lobo, pós graduando em Nutrologia com atuação em emagrecimento, ganho de massa muscular e desempenho esportivo. “Além de ter muitas calorias, que viram gordura, ele atua em uma via metabólica que atrasa a produção de músculos”, explica. Portanto, beber depois de realizar uma atividade física, seja a pelada com os amigos ou uma corridinha no bairro, não ajuda em nada. Só atrapalha. Um copo com 300 ml de cerveja tem cerca de 140 calorias, 100 ml de champanhe, 110 calorias.
De qualquer, forma é preciso aumentar a atividade física. “Exercícios de alta intensidade aceleram o metabolismo e queimam muita gordura”, indica Lobo. É o caso do crossfit, programa intenso de treinamento de força e condicionamento físico geral baseado em movimentos funcionais variados. Estudo realizado nos Estados Unidos calculou gasto calórico de 260 em apenas 20 minutos de prática.
Nem todos, porém, podem praticar exercícios muito intensos. “Cada um tem um ritmo de exercício, mas o importante é que tudo o que se puder fazer que envolva movimento e tire a pessoa do sedentarismo, já é alguma coisa”, lembra a educadora física Val Barbosa, professora de Pilates da Clínica Piú Salute, de São Paulo. Uma caminhada leve de 30 minutos consome 105 calorias em uma pessoa de 60 quilos. Vale usar escadas, caminhar um pouco mais para pegar o ônibus e até levantar-se para mudar o canal da TV.