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Pandemia lança corrida por laboratórios de biossegurança de alto nível

Mais de 40 unidades para lidar com agentes patológicos estão atualmente em construção em todo o mundo

Por Diego Alejandro
31 out 2022, 20h21

No mês passado, a revista The Lancet publicou um relatório que criticava a resposta dos governos e outros órgãos à pandemia da Covid-19. Entre muitos tópicos abordados, o documento cita a falta de cooperação operacional, que prejudicou tanto na distribuição da vacina quanto na criação de uma frente unificada de pesquisa. Levando isso em conta ou não, houve um avanço: mais de 40 laboratórios de biossegurança de alto nível em todo o mundo estão atualmente em construção em países como Índia, Filipinas e Singapura. Eles são necessários para a manipulação e estudo de microrganismos pertencentes a quatro classes de risco.

A falta de laboratórios de alta segurança em algumas regiões se tornou aparente durante a pandemia, porque o trabalho com o novo coronavírus vivo deve ser feito em uma instalação com Nível de Biossegurança 3 (NB3) ou superior.

“A pandemia expôs a fraqueza dos sistemas de saúde em todo o mundo em reconhecer e responder a ameaças emergentes na saúde pública”, disse Bharati Pawar, ministra da saúde e bem-estar da família da Índia, em uma cerimônia para marcar o início da construção de um novo laboratório no país, no mês passado. “Para estar preparado, é necessário laboratórios prontos”, disse ela.

Os planos da Índia estão entre os mais ambiciosos. O país está em processo de construção de cinco instalações NB3 e está planejando pelo menos mais nove. Quatro instituições também disseram que construirão laboratórios NB4, o mais alto nível de contenção. A Índia atualmente tem apenas uma instalação desse tipo que em operação. E o governo se comprometeu a construir quatro novos institutos nacionais de virologia, dois dos quais também lidarão com patógenos NB4.

Em outros lugares da Ásia, Cazaquistão, Singapura e Filipinas anunciaram planos para construir suas primeiras instalações NB4. Além da região, os Estados Unidos se comprometeram a adicionar outro laboratório do mesmo tipo ao seu grupo de uma dúzia de instalações de contenção máxima. Já a Rússia anunciou no ano passado que construirá 15 laboratórios NB4, embora os detalhes sejam escassos.

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Os investimentos em laboratórios aumentam geralmente após grandes epidemias, porém, embora eles ofereçam mais capacidade para lidar com agentes patológicos, o alto custo de manutenção se torna um obstáculo.

Thomas Ksiazek, virologista que chefia as operações de alta contenção no Galveston National Laboratory, no Texas, uma instalação NB4, explicou à Nature que o laboratório de sua equipe recebe cerca de US$ 12 milhões por ano do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas apenas para manutenção e operações, com cerca de US$ 2 milhões dos quais são gastos em segurança 24 horas. Outros US$ 2 milhões são necessários para alimentar a ventilação, aquecimento e ar condicionado, bem como para operar a parte NB3 do laboratório.

Alguns pesquisadores também temem que ter mais desses laboratórios aumente os riscos associados a eles, inclusive de trabalhadores serem infectados.

Evidências sugerem que o novo coronavírus foi transmitido de animais selvagens para humanos, provavelmente, em um mercado de animais vivos em Wuhan, China. O Brasil anunciou, em 2021, a construção de um laboratório NB4 junto ao Centro Nacional de Pesquisa em Energias e Materiais (CNPEM), em Campinas (SP). Porém, o plano nunca saiu do papel.

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