Obesidade ao longo da vida eleva risco de desenvolver câncer, diz estudo
Estudo que acompanhou 135 mil pacientes por mais de 20 anos reforçou ligação entre aumento de peso e diversos tipos de tumores
O arsenal de estudos científicos que comprovam a ligação entre o peso corporal elevado e o risco de desenvolver algum tipo de câncer tem se tornado cada vez mais vasto. Um novo ensaio clínico, publicado no periódico Jama Network, somou-se a esse conjunto e, após a análise de mais de 135 mil pacientes por 21 anos, constatou que pessoas com obesidade ou com aumento do Índice de Massa Corporal (IMC) ao longo da vida têm risco maior de desenvolver tumores, principalmente os gastrointestinais.
Com base em dados do Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos (NCI, na sigla em inglês), os pesquisadores verificaram que, no período, 2.803 participantes desenvolveram câncer colorretal e 2.285 receberam diagnóstico para tumores gastrointestinais, em órgãos como esôfago, fígado e pâncreas.
Os cientistas conseguiram ainda estimar o impacto dos quilos a mais com o passar dos anos no risco para câncer. Segundo eles, para cada ganho de unidade no IMC ao longo da vida, ocorre um acréscimo de 2% a 4% no risco de câncer colorretal e gastrointestinal.
Para calcular o IMC, basta dividir o peso (em quilos) pela altura (em metros) ao quadrado. Se o resultado for entre 18,5 a 24,9, o peso é normal. De 25 e 29,9, é considerado sobrepeso. Acima de 30, o quadro é considerado de obesidade.
No Brasil, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), o número de casos de câncer colorretal tem aumentado. Para o biênio 2023-2025, são estimados 46 mil novos casos da doença por ano, o que significa um aumento superior a 10% em relação ao número previsto para o período de 2020 a 2022.
A oncologista Ana Paula Cardoso, do Hospital Israelita Albert Einstein, alerta que ainda é necessário compreender como a obesidade está ligada ao risco elevado de desenvolvimento de tumores, mas destaca que o estudo mostra a importância de manter o peso adequado ao longo da vida.
“O que esse estudo traz de novo é mostrar que o risco é proporcional ao tempo de exposição. Por exemplo: quando você olha para a população com sobrepeso, existe um aumento de risco, mas ele não é tão grande como quando você olha para as pessoas com obesidade. E da mesma forma quando você muda a faixa do IMC (de sobrepeso para obesidade, de obesidade para obesidade mórbida). A manutenção da obesidade, assim como a mudança de peso e a faixa do IMC, aumenta o risco.” /COM INFORMAÇÕES DA AGÊNCIA EINSTEIN