O que preocupa os latino-americanos que vivem com diabetes?
Pesquisa aponta temor com saúde ocular, mas complicações que podem ser fatais ficam em segundo plano para os pacientes; Brasil está entre participantes
Cegueira e amputação são riscos conhecidos pelos pacientes que vivem com diabetes, mas a doença abre portas para outras condições igualmente limitantes e que podem ser até fatais, caso das complicações cardiovasculares e renais. Essas últimas, embora mais graves, não estão no topo das preocupações na América Latina. A conclusão é de um estudo que mapeou os temores dos pacientes e o conhecimento deles sobra as consequências da doença na região.
Em um levantamento com 1,5 mil participantes com mais de 40 anos do Brasil, Argentina, Colômbia e México feito pelo Instituto Ipsos a pedido da farmacêutica Bayer, 88% afirmavam que se preocupavam com a saúde ocular. Metade dos entrevistados conhecia o risco cardiovascular e 60% das pessoas ouvidas sabiam sobre os possíveis riscos para os rins, condição silenciosa que pode causar danos nos órgãos e levar à necessidade de diálise e até de transplante. Os dados foram apresentados em evento para jornalistas latinoamericanos no Bayer Research and Innovation Center (BRIC), em Boston*, nos Estados Unidos.
Nos quatro países participantes da pesquisa, estima-se que 33 milhões de pessoas vivem com diabetes tipo 2, o que significa uma em cada 12 pessoas. E a doença está avançando. No México, por exemplo, foi relatado um crescimento de 10% no número de casos em apenas nos últimos três anos.
No Brasil, o cenário da diabetes também é preocupante. Segundo a versão mais atual do Atlas de Diabetes da Federação Internacional de Diabetes (IDF), de 2021, o país contabiliza 15,7 milhões de adultos com a doença, dos quais, 32% não foram diagnosticados.
Em situações de condição descompensada, as doenças cardiovasculares consistem na principal causa de morte em pessoas com diabetes tipo 2. Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes, o risco de uma pessoa com diabetes desenvolver doença coronariana é até quatro vezes maior. Os pacientes também têm mais predisposição para ter acidentes vasculares cerebrais (AVCs). No caso dos rins, quadros como a Doença Renal do Diabetes (DRD) estão associados à redução de até 16 anos na expectativa de vida dos pacientes.
Metade dos entrevistados brasileiros nunca foi ao nefrologista, embora 10% tenham relataram que já receberam indicação de fazer uma consulta com o especialista. Entre os que foram, o tempo médio entre o diagnóstico de diabetes e a visita ao profissional foi de três anos.
E, no Brasil, os principais temores seguem o mesmo padrão dos demais países avaliados. “Os problemas relacionados à visão em pacientes com diabetes tipo 2 são de maior conhecimento público e reforçados pelos médicos nos consultórios. A cegueira é muito temida e afeta diretamente o estilo de vida das pessoas, por isso gera uma grande preocupação por parte dos pacientes. Contudo, diabetes é uma doença silenciosa e compromete outros órgãos em uma fase mais avançada da doença”, explica Isabella Laba, médica endocrinologista e líder médica da área cardiorrenal na Bayer Brasil.
*A repórter viajou a convite da Bayer