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Nunca é tarde

Estudo mostra que começar a se exercitar entre 40 e 60 anos traz benefícios semelhantes aos obtidos por quem faz ginástica regular desde a adolescência

Por Giulia Vidale Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 29 mar 2019, 07h00 - Publicado em 29 mar 2019, 07h00
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  • Se você ainda é jovem, tem menos de 40 anos e corre para a academia em busca de um futuro saudável, um conselho: calma, não se apresse tanto assim. Os benefícios para o organismo de quem começa a se exercitar na maturidade, a partir da quarta década de vida, são semelhantes aos alcançados por aqueles que malham desde o brotar das primeiras espinhas da puberdade. Conclusão: tanto faz praticar atividade física na juven­tude ou um pouco mais tarde, em especial para a proteção contra algumas das doenças mais letais do mundo moderno, como os problemas de coração e os cânceres. Essa é a surpreendente conclusão do mais completo estudo já conduzido sobre o impacto da ginástica ao longo dos anos, feito com base no depoimento de 315 050 americanos cuja vida foi acompanhada desde os anos 1990. O trabalho foi realizado pelos Institutos Nacionais de Saúde (NIH) e publicado na revista JAMA Network Open. De acordo com o levantamento, homens e mulheres que começam a malhar regularmente entre 40 e 61 anos têm uma queda no risco de morte por doenças cardiovasculares de 43%, e de 16% no caso de tumores malignos. As taxas são semelhantes, quase idênticas, em relação àqueles que praticaram esporte desde os 15 anos. “Os resultados são extraordinários porque comprovam que o corpo mais velho reage muito melhor do que se imaginava aos estímulos dos exercícios”, diz Bernardo Garicochea, oncologista do grupo Centro Paulista de Oncologia/Oncoclínicas, em São Paulo.

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    Os efeitos foram obtidos a partir de duas horas semanais de atividade moderada, o que corresponde a apenas cerca de vinte minutos diários de caminhada rápida, bicicleta, muscu­lação e dança, por exemplo. Os especialistas ainda não identificaram com 100% de certeza os mecanismos que levaram aos resultados observados, mas há uma hipótese central: a capacidade de regeneração celular mesmo para quem já não é um brotinho. “O exercício regular agiria como deflagrador de uma espécie de stress benéfico para o metabolismo, estimulando a renovação e as defesas naturais do organismo”, diz o cardiologista Marcus Bolivar Malachias, professor da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais.

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    Explica-se: o envelhecimento é determinado por uma intrincada cascata de acontecimentos que afetam diferentes estruturas do corpo, em rápida desaceleração. A pressão arterial, o colesterol e o acúmulo de gordura ­aumentam. As artérias perdem elasticidade e ficam mais suscetíveis a danos provocados pelo fluxo sanguíneo. A capacidade de renovação das células diminui, o que exige dos músculos, incluindo o coração, e dos pulmões mais esforço para desempenhar suas funções. O sistema imunológico é afetado. A atividade física eliminaria, portanto, as estruturas celulares que reduzem a produção de energia com o envelhecimento — e estimularia o surgimento de novas cadeias restauradoras. Para Paulo Zogaib, fisiologista da Universidade Federal de São Paulo, “o efeito só é mantido se a atividade for continuada”. Daí a importância da constância nos exercícios.

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    Não se trata de conferir a corpos quarentões o tônus da mocidade. A decadência muscular é inexorável: dos 50 aos 80 anos, perde-se, em média, 40% da massa muscular. O que se descobriu é a capacidade de proteção do organismo contra doenças, e não um elixir estético. Disse a VEJA o pesquisador do NIH Pedro Saint-Maurice, autor do estudo: “A mensagem é que nunca é tarde para começar a se mexer, mas milagres não existem”.

    Publicado em VEJA de 3 de abril de 2019, edição nº 2628

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