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Nova York processa redes sociais por impacto na saúde mental dos jovens

Ação judicial alega que mídias como TikTok, Instagram, Snapchat e YouTube são projetadas para atrair jovens e incentivar o uso compulsivo

Por Ligia Moraes
Atualizado em 16 fev 2024, 12h05 - Publicado em 15 fev 2024, 17h34

Nesta quarta-feira 15, a cidade de Nova York, nos Estados Unidos, processou as empresas que controlam as redes sociais Snapchat, Instagram, YouTube e TikTok, acusando-as de fomentar uma “crise de saúde mental juvenil em todo o país” ao expor crianças e adolescentes “a uma corrente ininterrupta de conteúdo prejudicial”.

O processo, protocolado no Tribunal Superior da Califórnia, alegou que companhias projetaram intencionalmente suas plataformas para manipular e viciar crianças e adolescentes em aplicativos de mídia social. Apontou ainda para o uso de algoritmos no intuito de gerar feeds que mantêm os usuários nas plataformas por mais tempo e estimulam o uso compulsivo. 

Dessa forma, as empresas estariam impondo uma grande carga aos distritos escolares e sistemas públicos de hospitais, que fornecem serviços de saúde mental aos jovens. Para os acusadores, embora apresentadas como ‘sociais’, as plataformas, de diversas maneiras, promovem desconexão, desassociação e uma série de danos mentais e físicos aos usuários.

“Ao longo da última década, vimos quão viciante e avassalador o mundo online pode ser, expondo nossas crianças a uma corrente ininterrupta de conteúdo prejudicial e alimentando a crise nacional de saúde mental juvenil”, declarou publicamente o prefeito de Nova York, Eric Adams.

Outro lado

Algumas redes se pronunciaram, negando as alegações. O TikTok, por exemplo, respondeu que colabora regularmente com especialistas para entender as melhores práticas para manter a plataforma segura aos usuários. Já a Meta, proprietária do Instagram, afirmou que a segurança dos adolescentes é prioridade máxima. 

O processo, no entanto, afirma que essas plataformas se aproveitam da reciprocidade, ao informarem automaticamente ao remetente quando sua mensagem é vista; ao enviarem notificações quando uma mensagem é entregue; ao incentivarem os adolescentes a retornar à plataforma repetidamente e ao perpetuarem o engajamento online e as respostas imediatas.

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A gestão nova-iorquina afirmou ter gasto recursos significativos para lidar com questões de saúde mental entre os adolescentes. E, por isso, está movendo o processo para recuperar parte do dinheiro, como forma de compensação pelos danos que os réus criaram, causaram, contribuíram e/ou mantiveram.

Impactos reais

Em maio do ano passado, o Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos divulgou um documento chamando a atenção para a necessidade de as empresas garantirem ambientes saudáveis e seguros de mídia social.

No relatório, são divulgados dados que alertam para os impactos dessas plataformas na saúde dos jovens e traz a informação de que o uso das redes como “praticamente universal” entre esse público. De acordo com o levantamento, cerca de 95% dos jovens americanos de 13 a 17 anos relatam o uso de pelo menos uma das plataformas, e mais de 30% dizem que usam as mídias sociais “quase constantemente”.

Segundo o Departamento, adolescentes que passam mais de três horas por dia conectados enfrentam o dobro do risco de desenvolverem problemas relacionados à saúde mental, com sintomas de depressão e ansiedade – uma pesquisa recente de 2021 constatou que, em média, eles passam 3,5 horas por dia nas mídias sociais. 

As redes também podem perpetuar a insatisfação corporal, comportamentos alimentares desordenados, comparação social e baixa autoestima.  Quando questionados sobre o impacto das redes sociais em sua imagem corporal, 46% dos adolescentes de 13 a 17 anos disseram que as mídias sociais os fazem sentir piores. Além disso, 64% desses jovens são “frequentemente” ou “às vezes” expostos a conteúdo baseado em ódio por meio dessas mídias.

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Questão de Saúde Pública

Mitch Prinstein, diretor científico da Associação Americana de Psicologia, afirma que os jovens são mais vulneráveis às redes pelo fato de seus cérebros ainda estarem em desenvolvimento. Por exemplo, o córtex pré-frontal – que fica atrás da testa e é responsável por tarefas como avaliar consequências e planejar – ainda está amadurecendo durante a puberdade.

“O cérebro adolescente é meio como um carro que – quando se trata do desejo de feedback social – tem um acelerador hipersensível, com freios de funcionamento relativamente baixo”, disse Prinstein, que depôs no Senado americano sobre o assunto, no início deste ano. “O centro de inibição do cérebro que diz, ‘talvez não siga cada impulso e instinto que você tem’ não está totalmente desenvolvido”, completou. 

O Cirurgião-Geral dos Estados Unidos, Vivek Murthy – autoridade máxima em saúde pública do país –  reforçou, no mesmo comunicado emitido pelo Departamento, os perigos que essas plataformas podem significar. “As crianças e adolescentes são expostos a assuntos e imagens prejudiciais nas mídias sociais, desde conteúdo violento e sexual até bullying e assédio. E, para muitos jovens, o uso dessas redes compromete seu sono e tempo valioso pessoal com familiares e amigos”, finalizou. 

Murthy, assim como outros especialistas, faz um apelo por ação urgente de formuladores de políticas, empresas de tecnologia, pesquisadores, famílias e jovens para obter uma compreensão melhor do impacto completo do uso de mídias sociais, maximizar os benefícios e minimizar os danos das plataformas de mídias sociais e criar ambientes online mais seguros e saudáveis para proteger as crianças.

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