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Nova pílula masculina passa em testes de segurança

Os resultados mostraram que o medicamento não reduz o desejo sexual, como ocorreu em outras tentativas

Por Redação
26 mar 2019, 19h46

Um novo método contraceptivo para homens foi aprovado em testes preliminares, indica estudo apresentado durante a ENDO 2019, uma conferência médica realizada nos Estados Unidos. A pílula, que funciona de forma semelhante à feminina, foi aprovada em provas iniciais de segurança e produziu respostas hormonais que confirmam seu bom desempenho para controle de natalidade. Além disso, os resultados indicaram que o medicamento não reduz o desejo sexual masculino. “O objetivo é expandir as opções de anticoncepcionais e criar um menu de escolhas para homens como temos para as mulheres. Estamos negligenciando uma grande população potencial de usuários com as opções limitadas atualmente disponíveis aos homens”, comentou Stephanie Page, co autora do estudo, ao The Guardian.

A medicação é composta por progesterona que bloqueia a produção dos hormônios LH e FSH – fundamentais para gerar esperma. Essa substância é a versão sintética da progesterona, um hormônio sexual feminino. A pílula ainda tem um composto semelhante à testosterona, ou andrógeno, que equilibra a queda no hormônio masculino causada pela progestina. Essa combinação permite suprimir a produção de testosterona nos testículos ao mesmo tempo em que mantêm intacto outros traços masculinos sustentados pelo hormônio.

Os pesquisadores ainda explicaram que, ao contrário da pílula feminina que oferece algum dias de placebo para permitir a menstruação, a versão masculina precisa ser tomada ininterruptamente para manter a contagem de esperma baixa. Este é apenas mais um modelo de contracepção masculina que tem apresentado bons resultados nos últimos anos. No entanto, nenhum deles deve estar disponível no mercado por, pelo menos, mais uma década. 

“Nas mulheres você tem muitos, muitos métodos. A pílula, o adesivo, o anel vaginal, dispositivos intra-uterinos, injeções. [Mas] nos homens não há nada que seja como a contracepção hormonal. O padrão não é igual para os gêneros”, ressaltou Christina Wang, principal autora da pesquisa, à revista Time. Atualmente, as únicas formas de controle de natalidade masculina são os preservativos – que falham com frequência e, às vezes, são utilizados incorretamente – e as vasectomias – que são permanentes. Por causa disso, a responsabilidade de evitar uma gravidez indesejada recai principalmente sobre as mulheres.

Os testes

Para verificar o desempenho da nova pílula, os pesquisadores da L.A. BioMed – empresa americana dedicada à pesquisa – recrutou 40 homens saudáveis com idade entre 18 e 50 anos. Os participantes foram orientados a tomar a medicação por 28 dias consecutivos; no entanto, 10 deles receberam apenas um placebo para fins de comparação. A equipe ainda coletou amostras de sangue no início e no final do estudo para medir os níveis hormonais, além de monitorar a saúde geral dos voluntários – que também responderam questionários acerca de humor e função sexual.

Ao final do estudo preliminar, nenhum dos homens apresentou sérios problemas ou parou de tomar a pílula em decorrência de efeitos colaterais. Ainda assim, alguns participantes relataram manifestações menores, como fadiga, dores de cabeça, acne e diminuição da libido – sintomas com os quais as mulheres que tomam a versão feminina estão acostumadas. Outros dois voluntários experimentaram disfunção erétil leve.

Embora os resultados tenham sido positivos, os cientistas ressaltam que apenas mediram os níveis hormonais para verificar se eram consistentes com a quantidade necessária para suprimir a produção de espermatozoide e de testosterona sem que isso provocasse reações adversas. Ainda será preciso testá-la com casais por alguns anos para confirmar seu sucesso como controle de natalidade eficaz. No entanto, antes de dar esse passo, a equipe pretende realizar estudos de larga escala – e longo prazo – para confirmar os resultados.

Novos métodos masculinos

Em 2018, pesquisadores anunciaram um método contraceptivo masculino em gel capaz de bloquear a produção natural de testosterona (hormônio sexual masculino) nos testículos e assim reduzir a produção de espermatozoides nos homens. “O potencial desse novo gel é enorme. Existe uma crença de que os homens não estão interessados ou mesmo têm medo de recursos que forneçam a possibilidade de controlarem a própria fertilidade, mas isso não é verdade”, disse William Bremner, um dos responsáveis pelos testes do gel, à NBC News, na época.

Uma parceria anterior entre a L.A. BioMed e a Universidade de Washington, nos Estados Unidos,  já havia gerado uma pílula anticoncepcional masculina separada, que é um “composto irmão” para a nova opção. Essa alternativa também passou nos testes preliminares de segurança e eficácia.

Ainda há cientistas envolvidos em criar uma injeção com essa finalidade.

“Os homens têm opções realmente limitadas quando se trata de contracepção reversível. Quando perguntamos a eles sobre compostos hormonais, cerca de 50% disseram estar estão dispostos a tentar esse novo método. E quando você pergunta às parceiras, a porcentagem é ainda maior”, comentou Christina, ao The Guardian.

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No entanto, todas essas versões ainda estão muito longe de se tornarem uma realidade.

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