O Ministério Público Federal no Rio de Janeiro abriu inquérito para apurar as circunstâncias das mortes de três pessoas que receberam transplante de órgãos de uma mesma doadora que estaria contaminada por uma superbactéria. As cirurgias ocorreram entre os dias 18 e 19 de junho no Hospital de Bonsucesso, Hospital Universitário da UFRJ e Hospital Silvestre.
Existe a suspeita de que os cirurgiões tinham conhecimento da infecção antes de realizar as operações. A ação do MPF foi motivada depois de uma solicitação feita por representantes do Sindsprev-RJ, do Sindicato dos Médicos e da Associação dos Doentes Renais Crônicos e Transplantados do Rio de Janeiro (Amorvit), na terça-feira. “É um caso grave e vamos cobrar a investigação”, disse Osvaldo Mendes, diretor do Sindsprev-RJ.
A doadora morreu no último dia 10, no Hospital Municipal Souza Aguiar, e havia sido submetida a procedimentos invasivos poucos dias antes, quando estava internada na UTI – o que aumenta o risco de contaminação por bactéria resistente. Seus rins e o fígado foram doados aos três pacientes que tiveram infecção generalizada, mas essas informações não foram repassadas às equipes médicas dos receptores.
Além da investigação, que está a cargo do procurador Sérgio Suiama, o Ministério da Saúde enviou ao Rio equipes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e do Sistema Nacional de Transplantes para acompanhar o caso. O MPF informa que já oficiou os hospitais para que forneçam os prontuários médicos da doadora e dos receptores. A Central de Transplante também foi chamada a dar explicações e o procurador ainda pediu abertura de sindicância pelo Conselho Regional de Medicina (Cremerj).