Recomendada para evitar episódios graves e mortes por infecção pelo novo coronavírus, a vacina contra a Covid-19 passa a fazer parte do Programa Nacional de Imunizações (PNI) em 2024 e será ofertada anualmente para grupos prioritários, como crianças, idosos e pessoas imunossuprimidas. O anúncio foi feito nesta terça-feira, 31, pela secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, Ethel Maciel.
No mês passado, o ministério já tinha anunciado que realizava estudos para a incorporação da vacina no calendário nacional como forma de proteger a população mais vulnerável contra o vírus. A atualização no esquema leva em consideração a análise de que, com o fim da emergência de saúde pública internacional, em maio deste ano, a doença passou a ser tratada como uma condição imunoprevenível com necessidade de doses anuais para evitar que as infecções resultem em hospitalizações e óbitos.
“Acreditávamos que a doença teria alguma sazonalidade, mas ela tem um impacto muito maior de subvariantes do que se é verão ou inverno. Essa é uma mudança alinhada com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e, para todas as crianças entre 6 meses e menores de 5 anos, passa a ser obrigatória”, explica Ethel.
Também serão vacinadas pessoas que vivem e trabalham em instituições de longa permanência, pessoas com deficiência permanente e indígenas.
Para os demais públicos, até o momento, não há previsão de aplicação de novas doses, mas quem ainda não recebeu a vacina bivalente deve atualizar a caderneta para se proteger da variante de preocupação ômicron, dominante no mundo.
“Se compararmos 2023 e 2022, temos hoje 42 pessoas morrendo por dia. É como se um ônibus por dia. No ano passado, eram mais de 200 pessoas, um avião caindo por dia.”
Ethel Maciel, secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente
Segundo o ministério, apenas 16,86% da população se vacinou e essa medida é fundamental para evitar as cenas de horror vistas na pandemia. “Já tivemos 4 mil pessoas morrendo por dia no país”, relembra a secretária, associando o controle da situação à eficácia das vacinas.
O aumento de casos decorrente da baixa cobertura vacinal com as doses mais atualizadas, caso do imunizante bivalente, e o índice baixo de testagem são preocupações dos especialistas, pois o vírus continua em circulação e pode afetar populações com a saúde mais frágil. A vacinação é a forma mais eficaz de evitar que a infecção evolua para quadros que necessitam de hospitalização ou para a morte do paciente.
Covid longa
O ministério anunciou ainda o início de um estudo sobre os impactos da Covid longa no Brasil, condição que atinge até 20% dos infectados pelo vírus e engloba mais de 200 sintomas de natureza gastrointestinal, neurológica e psiquiátrica, como falta de ar, fadiga e disfunções cognitivas.
Serão entrevistadas 33 mil pessoas para a coleta de informações que serão utilizadas para a elaboração de políticas públicas focadas no quadro. Segundo a OMS, pessoas com Covid longa podem ter a manutenção de sintomas ou aparecimento de novos problemas após três meses da infecção pelo vírus e permanência do quadro por, ao menos, dois meses.
Por isso, a importância de garantir a vacinação, principalmente das crianças. “Não sabemos efeitos em longo prazo, porque é uma doença que causa inflamações e importantes mudanças em nosso organismo. Precisamos proteger as crianças para garantir qualidade de vida no futuro”, afirma a secretária.