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Médicos estudam terapias alternativas para a dor de cabeça

Cirurgia cardíaca e acupuntura conseguem bons resultados, mas ainda são controversos

Por Aretha Yarak, de Gramado
14 out 2010, 09h49

Há estudos mostrando que um terço dos pacientes que fizeram a operação cardíaca para fechamento do forame oval tiveram melhoras no quadro da enxaqueca com aura

A prática milenar da acupuntura vem ganhando cada vez mais adeptos dentro da medicina no tratamento da dor de cabeça crônica. Mas, ainda assim, a técnica, apresentada durante o 24 Congresso Brasileiro de Cefaleia, em Gramado, é controversa e divide opiniões de especialistas. Ao seu lado, no rol de tratamentos que ainda suscitam dúvidas, está o fechamento do forame oval (canal que liga os dois lados do coração) em casos de enxaqueca. “Não há ainda provas irrefutáveis de uma possível relação. Todos os dados encontrados são muito precoces para dizer que o fechamento do forame oval traz benefício direto para a enxaqueca com aura”, diz Ariovaldo Alberto, presidente da Sociedade Mineira de Cefaleia. No entanto, há estudos mostrando que um terço dos pacientes que fizeram a operação cardíaca tiveram melhoras no quadro da doença.

O forame oval é um canal da espessura de uma caneta que liga as câmaras esquerda e direita do coração. Quando o bebê nasce e começa a respirar, a pressão no pulmão faz com que essa válvula se feche naturalmente. Mas cerca de 25% da população mundial tem esse canal aberto e não sabe. Por isso, a abertura acaba sendo descoberta em casos de acidente vascular sem causa aparente. “Mas pesquisadores começaram a perceber que quase 60% dos pacientes com enxaqueca com aura também tem o forame oval patente (FOP), ou seja, aberto. Mas ninguém ainda sabe qual a relação entre as duas condições”, diz Ariovaldo. Uma das suspeitas, no entanto, é a de que quando o sangue do lado direito do coração escapa para o direito por essa válvula levando microbolhas com ele, um fenômeno chamado de depressão alastrante entre em ação. Isso significa que aquelas microbolhas chegam ao cérebro afetando mecanismos internos e diminuindo, assim, a atividade elétrica local – um dos causadores da aura. Mas nada que se sabe sobre o assunto ainda é seguro. “Eu não acredito que se deva sair investigando FOP na população geral e também não indicaria o fechamento para a cura da enxaqueca. Agora, se for uma mulher hipertensa, que fume, tenha enxaqueca com aura e tome pílula anticoncepcional, talvez a operação seja indicada para evitar um futuro AVC.” Acupuntura – Um método eficiente de regular o mecanismo responsável por “sentir” a dor no cérebro, a acupuntura vem sendo usada como uma opção no tratamento das dores de cabeça crônicas. Esse tratamento, no entanto, não é feito apenas com as tradicionais agulhas. Aqui, os especialistas acrescentaram uma corrente elétrica que estimula o local. Outra diferença fundametal entre as duas técnicas é que a atual não segue a linha de pontos de energia do corpo (para um problema no fígado, por exemplo, poderia ser aplicada uma agulha na sola do pé). “Para tratar um paciente com enxaqueca, direciono a estimulação magnética para áreas motoras próximas à região do nervo occipital (que se situam na parte de trás da cabeça)”, diz Claudio Couto, coordenador do Ambulatório de Dor de Porto Alegre. Em resumo, a nova teoria da estimulação intramuscular diz que quanto mais pontos estimulados naquela região muscular específica, melhores os resultados. Para diminuir e prevenir a dor de cabeça, então, não existe apenas um ponto no corpo, mas vários — e todos são musculares. Mas essa tese ainda é controversa e vem sendo estudada mais de perto pela comunidade científica. Segundo Couto, um dos maiores especialistas no assunto no Brasil, as taxas de eficiência são suficientemente animadoras para o prosseguimento dos trabalhos. “O tratamento é seguro, com baixíssimos efeitos colaterais e a grande parte dos pacientes tratados até o momento tiveram uma melhora significativa na dor, nas crises e na qualidade de vida”, diz.


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