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Implante revolucionário de medula ajuda paraplégicos a andarem

Segundo pesquisadores, mesmo depois de perder completamente os movimentos, os participantes do estudo conseguiram sentar e ficar de pé sozinhos

Por Da Redação
Atualizado em 24 set 2018, 21h31 - Publicado em 24 set 2018, 19h02

Um pequeno grupo de pacientes paraplégicos foi capaz de andar depois de ter um dispositivo de estímulos elétricos implantado na medula. Os pesquisadores revelaram que em associação com o treinamento físico, o implante permitiu que mais da metade dos participantes conseguiu caminhar com apoio humano ou com o auxílio de andador. Os resultados da pesquisa foram publicados na New England Journal of Medicine.

“É incrível poder estar lá e realmente vê-los dando seus primeiros passos. É um momento emocionante para  eles porque ouviram que nunca mais poderiam fazê-lo”, comentou Claudia Angeli, da Universidade de Louisville, nos Estados Unidos, ao jornal britânico The Guardian.

O dispositivo – desenvolvido inicialmente como uma ferramenta para controle da dor – é inserido abaixo do local da lesão, cobrindo regiões que enviam sinais sensitivo-motores para as pernas. A frequência, intensidade e duração dos estímulos elétricos são produzidos por uma bateria sem fio implantada na parede abdominal. 

Estimulação epidural

A técnica, chamada de estimulação epidural, explora possíveis sinais ativos no cérebro que atravessam a região lesionada. Segundo Angeli, a medula espinhal recebe informações provindas do cérebro e do ambiente. Quando ocorre um trauma, parte dessa função é interrompida. Apesar de continuar recebendo informações externas, ela perde a conexão cerebral.

A cientista ainda explicou que quando o dispositivo começa a funcionar dentro do corpo, a estimulação elétrica produzida pode aumentar a excitabilidade da medula espinhal, tornando-a mais alerta. “É como se fosse mais consciente; na verdade, a medula pode ‘ouvir’ esse pequeno ‘sussurro’ do cérebro, que ainda está lá e pode gerar padrões motores”, disse. 

Já Susan Harkema, também da Universidade de Louisville, disse que os trabalhos baseiam-se na crença de que o circuito espinhal é sofisticado e dispõe de propriedades semelhantes às do cérebro e, portanto, é capaz de assimilar funções perdidas. “Nas condições certas, a medula tem a capacidade de reaprender a andar”, disse ao The Washington Post. Mas, para funcionar perfeitamente, é essencial vincular movimentos aos sinais emitidos pelo aparelho, motivo pelo qual os participantes fazem o treinamento locomotor.

Restauração de movimentos

Depois da implantação do dispositivo, três dos cinco participantes já começaram a apresentar bons resultados: um dos pacientes foi capaz de andar (com o auxílio de um andador) após 81 sessões (15 semanas); outro conseguiu andar cerca de 90 metros, sem interrupção, após 278 sessões (85 semanas). Dois outros participantes conseguiram ficar em pé e sentar sozinhos, além de fazer movimentos na esteira (com apoio da equipe). Entretanto, um dos voluntários sofreu uma fratura no quadril na segunda semana de treinamento, retornando para estudo após um ano. 

Além da equipe da Universidade de Louisville, outros centros de pesquisa, como a Clínica Mayo e a Universidade da Califórnia, pesquisadores têm tentado a mesma abordagem e encontrado resultados similares. 

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As respostas positivas ao tratamento incentivam os cientistas a aprimorarem o dispositivo para garantir melhor intensidade e sintonia da estimulação. “Se for muito baixo, os sinais cerebrais não serão ‘ouvidos’; já se forem muito altos, podem desencadear o movimento involuntário das pernas”, justificou Angeli. Ela disse esperar que a estimulação epidural também possa ajudar no controle da bexiga. 

Cautela

Mesmo com resultados promissores, a comunidade científica pediu cautela. Em entrevista ao The Washington PostDavid Darrow, residente em neurocirurgia da Escola de Medicina da Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos, advertiu que, devido ao pequeno número de pacientes envolvidos, não é possível determinar se a intervenção vai funcionar em uma população mais ampla de pessoas com lesões na medula espinhal.

Outras pesquisas buscam recuperar lesões na medula usando células especiais retiradas do nariz do paciente, assim como fibras nervosas para corrigir o local da lesão. “Estamos procurando não apenas uma cura natural ou biológica para a paralisia, mas uma cura permanente”, ressaltou Mike Milner, CEO da Nicholls Spinal Injury Foundation, ao The Guardian. 

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