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Fumantes passivos também correm risco de câncer de pulmão, diz estudo

Pesquisa revela que exposição ao tabagismo passivo está ligada a aumento da doença em não fumantes. Mulheres têm mais risco

Por Simone Blanes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 8 Maio 2024, 12h54 - Publicado em 26 abr 2024, 14h00

Um estudo realizado pelo Centro Nacional de Câncer do Japão e publicado no Jornal de Oncologia Torácica, revelou uma ligação entre a exposição ao fumo passivo e o aumento do risco de câncer de pulmão em não fumantes. A pesquisa analisou amostras de DNA de 291 mulheres não fumantes, das quais 213 foram expostas ao fumo passivo, e 122 mulheres fumantes.

Os resultados mostraram que pessoas que não fumam, mas são expostas à fumaça do cigarro, têm mutações genéticas diferentes daquelas encontradas em fumantes, relacionadas a uma proteína chamada APOBEC3B, que pode promover a sobrevivência das células cancerígenas e reduzir a eficácia dos medicamentos contra o câncer. “Isso sugere que o fumo passivo poderia aumentar o risco de câncer de pulmão de maneira semelhante ao tabagismo ativo”, afirma Carlos Gil Ferreira, oncologista torácico e presidente do Instituto Oncoclínicas.

Mulheres têm mais risco

Segundo o médico, há evidências crescentes que sugerem um aumento nos casos de câncer de pulmão em mulheres que nunca fumaram. “Esse fenômeno é frequentemente associado à exposição ao tabagismo passivo, poluição do ar, radônio (gás que não tem cor nem sabor) e outras substâncias químicas presentes no ambiente”, explica Gil, um dos autores do estudo, que acrescenta. “Estudos também indicam que certas características genéticas podem aumentar a suscetibilidade ao câncer de pulmão em não fumantes, tornando esse grupo uma preocupação importante para a saúde pública.”

Realmente o tabagismo passivo já é uma preocupação global de saúde pública, com impactos significativos em todo o mundo. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 1,3 milhão de mortes anuais são atribuíveis à inalação involuntária de fumaça do tabaco por pessoas que não fumam.

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No Brasil, apesar dos avanços nas políticas de controle do tabaco, a estimativa é de que 7,9% da população adulta seja exposta ao fumo passivo em casa, e 8,4% em locais de trabalho, segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS/2019). Entre os gêneros, a proporção é maior entre as mulheres em casa (8,1%) e os homens no trabalho (10,4%).

Perigo Passivo

A exposição ao fumo passivo está ligada a uma série de doenças, incluindo câncer de pulmão, doenças cardiovasculares e respiratórias, impactando negativamente a qualidade de vida e aumentando os custos com saúde.

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“A compreensão dos efeitos do tabagismo passivo pode favorecer a implementação de políticas de saúde pública mais eficazes, aumentar a conscientização sobre os perigos do fumo passivo, incentivar mais fumantes a parar, evitar que jovens comecem a fumar e contribuir para a redução das doenças e mortes causadas pelo tabagismo passivo”, comenta o médico.

Relatório da OMS

O nono relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), de 2023, sobre a epidemia global de tabaco destaca o progresso feito pelos países desde 2008, quando foi introduzido o pacote técnico MPOWER, projetado para ajudar os países a implementar medidas de redução do tabagismo de acordo com a Convenção-Quadro da OMS sobre o Controle do Tabaco (CQCT).

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De acordo com o documento, 5,6 bilhões de pessoas, o que equivale a 71% da população mundial, estão atualmente protegidas por pelo menos uma política de boas práticas em controle de tabaco, cinco vezes mais do que em 2007.

Embora muitos países tenham avançado na luta contra o tabagismo, é necessário acelerar os esforços para proteger mais pessoas dos danos do tabagismo e do fumo passivo. O relatório destaca que todos os países, independentemente dos níveis de renda, podem reduzir a demanda por tabaco, obter grandes vitórias para a saúde pública e economizar bilhões de dólares em custos de produtividade e saúde.

As seis estratégias fundamentais da CQCT da OMS são enfatizadas, incluindo monitorar o uso do tabaco e as políticas de prevenção, proteger as pessoas da fumaça do tabaco, oferecer ajuda para parar de fumar, alertar sobre os perigos do tabaco, aplicar proibições de publicidade, promoção e patrocínio de tabaco, e aumentar os impostos sobre o tabaco.

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Segundo Carlos Gil, a implementação de espaços públicos livres de fumo é uma das medidas eficazes de controle do tabaco para ajudar os países a conter a epidemia de tabagismo. “Esses espaços não apenas protegem as pessoas do fumo passivo, mas também desencorajam o hábito de fumar, ajudam os fumantes a parar e evitam que os jovens comecem a fumar”, finaliza.

 

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