Os médicos, enfermeiros e outros profissionais que atuaram na luta contra a epidemia de ebola que atinge a África Ocidental foram eleitos a personalidade do ano pela revista americana Time. “O resto do mundo consegue dormir à noite porque um grupo de homens e mulheres está disposto a lutar. Pelos incansáveis atos de coragem e misericórdia, por dar ao mundo tempo para melhorar as suas defesas, por se arriscarem, persistirem, se sacrificarem e salvarem, a personalidade do ano de 2014 da Time são os combatentes do ebola”, escreveu a editora Nancy Gibbs, que assinou o texto sobre a escolha.
Segundo a revista, voluntários de organizações como os Médicos Sem Fronteiras ajudaram a lutar contra a doença, enquanto os governos locais estavam despreparados para responder à epidemia, e a Organização Mundial da Saúde (OMS) tardava a agir por razões burocráticas. “Qualquer pessoa disposta a tratar vítimas do ebola corria o risco de se tornar uma delas”, diz o texto.
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A atual epidemia de ebola começou em março deste ano e já deixou 17 145 pessoas doentes, sendo que 6 070 delas morreram, segundo a OMS. Os principais países afetados são Guiné, Serra Leoa e Libéria, mas países como Nigéria, Mali, Estados Unidos e Espanha também apresentaram casos da doença.
No texto, Nancy Gibbs lembrou o que o médico americano Kent Brantly disse após ser curado do ebola – ele foi infectado na Libéria e recebeu tratamento nos Estados Unidos: “Sempre que passamos por uma experiência devastadora como a que passei, é uma oportunidade incrível para nos redimirmos de algo. Como eu posso ser melhor agora após passar por isso? Não fazer isso seria uma vergonha”, afirmou o médico.
Escolha – A eleição de personalidade do ano pela revista (chamada de “homem do ano” até 1999) ocorre desde 1927. A primeira pessoa a receber o título foi o aviador Charles Lindbergh, que naquele ano havia se tornado o primeiro a cruzar o Atlântico sem escalas. A escolha não é exatamente um julgamento moral. Alguns números da revista já estamparam tiranos como Adolf Hitler (em 1938), Josef Stálin (1942) e o aiatolá Khomeini (em 1979). No ano passado, o escolhido foi o papa Francisco.
Os finalistas da escolha deste ano também incluíam o presidente russo Vladimir Putin; Massoud Barzani, presidente do Curdistão iraquiano; Jack Ma, presidente do gigante chinês de comércio eletrônico Alibaba; e os ativistas de Fergunson, cidade americana que foi palco de manifestações após um policial matar um jovem negro.