Na última quarta-feira, 25, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, anunciou o início da aplicação de doses de reforço da vacina contra Covid-19 em idosos a partir de 70 anos e pessoas imunossuprimidas. A previsão é começar a nova etapa da campanha a partir de 15 de setembro. Mas muitos estados, incluindo São Paulo e Rio de Janeiro, anunciaram públicos diferentes – como idosos a partir de 60 e não 70 anos – e datas anteriores.
A decisão do governo brasileiro acompanha ações realizadas por outros países, como Israel e Estados Unidos, que já iniciaram ou ao menos anunciaram a administração de doses extras nas população. A necessidade da vacinação de reforço começou a ser discutida após surgirem novos surtos de Covid-19 em países com altas taxas de vacinação, causados pela variante Delta. Além de ser mais transmissível, ela também parece ser menos vulnerável às vacinas, em especial à vacinação parcial. Além disso, estudos recentes apontaram para quedas nos níveis de anticorpos seis meses após a aplicação da segunda dose, em especial em pessoas com deficiência no sistema imunológico.
Por outro lado, a Organização Mundial da Saúde (OMS) acredita que ainda é cedo para se discutir a necessidade da terceira dose, principalmente quando a maior parte da população mundial não recebeu nem a primeira injeção. Segundo a organização, neste momento, é mais importante avançar no número de pessoas vacinadas do que reforçar a imunização de pessoas que já completaram o esquema. Deixar o coronavírus se espalhar nesses locais aumenta o risco de surgimento de novas mutações, que podem se tornar um risco para o mundo todo, como aconteceu com a delta.
Mas o apelo da OMS não surtiu efeito. Israel foi o pioneiro na adoção em massa da dose de reforço. O país é também o mais avançado. A administração da terceira dose em pessoas com mais de 60 anos começou no fim de julho. Nesta semana, a aplicação já está na faixa dos 30 anos de idade. É necessário ter completado o esquema de vacinação há pelo menos seis meses para ser elegível ao reforço.
A Rússia liberou a dose de reforço para aqueles que tomaram a segunda injeção da vacina Sputnik V, desenvolvida e utilizada no país, há mais de seis meses. Na Turquia, pessoas que receberam duas doses da CoronaVac são elegíveis a receber uma terceira dose, mas desta vez, com a vacina da Pfizer-BioNTech. O imunizante também é a preferência do governo brasileiro para a dose de reforço, independente de qual vacina a pessoa tenha tomado anteriormente. Na ausência dele, o Ministério da Saúde recomenda o de Oxford-AstraZeneca ou da Janssen. A CoronaVac não está entre as opções indicadas para ser usada como reforço.
O Chile também autorizou a dose extra para quem tomou CoronaVac. Pessoas com mais de 55 anos recebem o imunizante da AstraZeneca e aqueles com menos de 54 anos ou que têm a imunidade comprometida, a da Pfizer. No Uruguai, todos que tomaram duas doses da Coronavac receberão o reforço com a vacina da Pfizer. Mas em vez de uma dose só, o país irá aplicar o esquema completo, com duas injeções.
A Bélgica autorizou o doses de reforço com vacinas de mRNA- Moderna ou Pfizer entram nessa categoria – para pessoas imunodeprimidas. O Camboja começou a oferecer doses de reforço com a vacina da AstraZeneca para quem recebeu as vacinas da Sinopharm ou CoronaVac. Os Emirados Árabes Unidos e o Bahrein disponibilizaram o reforço com a vacina da Pfizer em junho, mas somente para aqueles que tomaram a vacina da chinesa Sinopharm.
Estados Unidos, Alemanha, França e Reino Unido anunciaram o início da aplicação da terceira dose para setembro. A Áustria pretende iniciar a vacinação de reforço em outubro.
Confira o avanço da vacinação no Brasil: