Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Cientistas investigam explosão de diabetes 1 em crianças durante pandemia

Incidência aumentou 14% no primeiro ano da Covid-19 e 27% no ano seguinte; dieta, obesidade e hábitos de vida podem ter relação com alta

Por Paula Felix Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 21 jul 2023, 16h27

A pandemia de Covid-19 causou uma explosão de casos de diabetes tipo 1 em crianças e adolescentes, com incidência 14% maior em 2020 e que atingiu 27% no ano seguinte em relação a 2019, mas a alta da doença autoimune não está ligada apenas à infecção pelo vírus SARS-CoV-2. A conclusão é de um estudo, publicado no JAMA Network Open, que avaliou 38.149 jovens e comparou dados dos primeiros anos da crise sanitária com o período pré-pandêmico. Os pesquisadores ainda investigam as causas e apontam que o quadro foi desencadeado por um cenário multifatorial, que engloba dieta, obesidade e isolamento social.

A relação entre as duas doenças já foi estabelecida em outras pesquisas. Um levantamento divulgado no ano passado pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC) apontou que crianças e adolescentes tinham risco 116% maior de desenvolver diabetes tipo 1 quando infectados pelo novo coronavírus. Neste tipo de diabetes, o sistema imunológico começa a atacar as células do pâncreas, órgão responsável pela produção de insulina, o hormônio que regula o índice de açúcar no sangue. O resultado é que os níveis passam a subir e, com a descompensação do quadro em longo prazo, o paciente pode ter danos renais e cardiovasculares, cegueira e até a amputação de membros.

“Foi uma incidência muito maior do que esperávamos”, disse a autora Rayzel Shulman, endocrinologista pediátrica do SickKids Research Institute em Toronto, no Canadá, ao periódico científico Nature. Antes da pandemia, a incidência de diabetes tipo 1 nessa população crescia a uma taxa de 2 a 4% ao ano.

Por meio de uma meta-análise, o grupo constatou não só o aumento da incidência da doença, mas que houve a interrupção de sua sazonalidade no período – normalmente, as taxas mais altas de novos casos ocorrem no inverno do que no verão -.

O estudo também reforçou que os desfechos de quem tem diabetes tipo 1 e sofre com Covid-19 são mais graves, o que ficou comprovado pelo aumento de 26% em 2020 ante 2019 na incidência de cetoacidose diabética, uma complicação causada pela elevação dos níveis de glicose que pode levar à morte. “Essa é realmente uma das descobertas mais importantes deste estudo”, afirmou Rayzel.

Continua após a publicidade

Pesquisas para acompanhar o cenário da doença entre crianças e adolescentes em longo prazo precisam ser realizados para analisar se é uma tendência e para compreender suas causas. Especialistas de outras instituições que avaliaram os resultados acreditam que o aumento de casos de diabetes tipo 1 na população infanto-juvenil é multifatorial e pode ter relação com mudanças no estilo de vida ao longo do período pandêmico.

Isso porque, com a circulação do vírus causador da Covid-19, crianças e jovens ficaram em isolamento social, o que desencadeou sedentarismo, obesidade e consumo excessivo de alimentos ultraprocessados. Outra hipótese é de que o distanciamento pode ter reduzido a exposição dos jovens a outros patógenos, o que pode ter suprimido algum mecanismo de proteção do organismo ainda desconhecido.

“Pode ser que a pandemia tenha acelerado o aparecimento de diabetes tipo 1 em crianças já em risco ou que, por razões desconhecidas, mais crianças estejam desenvolvendo autoimunidade do que antes da pandemia”, completou Rayzel.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.