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Caneta emagrecedora por anti-obesidade: entidades pedem mudança de termo

Estudo apresentado durante o Congresso Brasileiro de Atualização em Endocrinologia e Metabologia revela discrepância na forma de discutir o tratamento

Por Diego Alejandro
8 set 2023, 15h24

Uma das novidades apresentadas no Congresso Brasileiro de Atualização em Endocrinologia e Metabologia (CBAEM 2023), que ocorre até este sábado, 9, no Centro de Convenções Poeta Ronaldo Cunha, em João Pessoa, na Paraíba, é a importância de adotar uma linguagem mais apropriada ao discutir a obesidade e seus tratamentos.

Um documento conjunto, produzido pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (ABESO), enfatiza a necessidade de abandonar o uso de termos como “remédio para emagrecer” ou “canetas emagrecedoras” por expressões como “medicamentos para tratar a obesidade”. 

A obesidade é um problema global que afetará, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), 700 milhões de pessoas até 2025. No Brasil, já são mais de 6,7 milhões de pessoas convivendo com a doença, segundo dados do Ministério da Saúde.

O estigma relacionado à obesidade tem um impacto significativo na saúde mental e física das pessoas afetadas, podendo prejudicar ainda mais o bem-estar e contribuir para comportamentos alimentares prejudiciais, avalia a declaração.

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Deste modo, uma das principais preocupações das sociedades médicas é que essa linguagem inadequada, que vem sendo frequentemente usada para se referir à obesidade e aos medicamentos usados no tratamento, perpetua o estigma que envolve a doença e sugere que esses medicamentos são destinados apenas a pessoas que desejam emagrecer por razões estéticas.

“Esses termos sugerem que esses medicamentos são destinados a qualquer pessoa que deseje perder peso de forma rápida e temporária. Em contraste, o uso de termos como ‘medicamentos para tratar a obesidade’ ou ‘medicamentos anti-obesidade’ enfatiza que o tratamento visa a doença em si e não apenas a um sintoma”, afirma o endocrinologista Bruno Halpern, um dos autores do documento, presidente da ABESO e do Departamento de Obesidade da SBEM.

“Além disso, o uso de termos inadequados pode criar a impressão de que esses medicamentos são destinados apenas à perda de peso temporária, em vez de um tratamento a longo prazo para uma doença crônica”.

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Pesquisas online x Bases acadêmicas

O documento assinado pelas entidades também revela uma diferença significativa na forma como esses termos são referidos em pesquisas online e em bases acadêmicas, destacando a importância de uma mudança na narrativa. Enquanto o termo “medicamentos para perda de peso” gerou 2,2 milhões de resultados em uma pesquisa no Google, os termos “medicamentos anti-obesidade”, “drogas anti-obesidade” e “drogas ou medicamentos para tratar a obesidade” produziram, juntos, apenas 428 mil resultados.

Já ao se analisar bases de dados acadêmicas a situação muda. Enquanto o termo “agentes anti-obesidade” produz mais de 19 mil resultados, “medicamentos/drogas/agentes para perda de peso” reúne menos de 500.

“Isso destaca a lacuna entre a produção científica e a tradução para o público e enfatiza a necessidade de melhorar a linguagem para combater o estigma da obesidade e promover uma compreensão precisa da condição e dos tratamentos”, conclui Halpern.

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Nesse contexto, a SBEM e ABESO fazem um chamado à imprensa, profissionais de saúde e à comunidade para adotar uma linguagem mais respeitosa e precisa ao discutir a obesidade e os tratamentos. “A mudança na linguagem pode desempenhar um papel fundamental na redução do estigma associado à obesidade e na promoção de um tratamento mais eficaz e humano”, afirma Paulo Augusto Miranda, presidente da SBEM.

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