Brasileiros usam técnica que melhora cicatrização em 80% das feridas
Método inédito combina tecnologias para detectar agentes microbiológicos e aprimorar tratamento das feridas crônicas
O controle das feridas crônicas é um desafio na área da saúde, pois impacta diretamente na qualidade de vida de quem sofre com elas, bem como acarreta maior risco de infecção, dor e aumento do tempo de internação. Logo, qualquer avanço é um grande alívio para os pacientes. Uma pesquisa realizada pelo Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE), em São Paulo, demonstrou o sucesso de um novo protocolo de tratamento, capaz de melhorar 80% das feridas dos pacientes.
O número foi alcançado através da combinação de técnicas de punção por aspiração e biópsia guiada por fluorescência. Ao utilizar esses métodos para coletar amostras de feridas, a pesquisa alcançou 100% de sensibilidade na detecção de microrganismos que dificultam a resolução do quadro.
Os principais benefícios observados incluíram a eliminação da infecção, iniciação da cicatrização nas camadas mais profundas do tecido, redução da secreção e alívio da dor na área afetada. Isso se tornou evidente a partir da segunda semana após o término do tratamento.
Participaram do estudo 40 pacientes do Setor de Estomaterapia do HSPE, em tratamento de feridas crônicas decorrentes de comorbidades como diabetes, insuficiência venosa crônica, obesidade e outras condições que dificultam a cicatrização adequada.
“Normalmente, a punção por aspiração não é realizada em casos de análise microbiológica de feridas crônicas. Por meio desta pesquisa, pretendemos demonstrar que esse método produz resultados superiores quando combinado com a biópsia”, explica o infectologista Daniel Litardi, que conduziu a investigação. Sua equipe acompanhou os pacientes entre maio de 2022 e janeiro de 2023.
Os resultados coletados revelaram que os principais agentes infecciosos encontrados por punção e biópsia foram Staphylococcus aureus, Pseudomonas aeruginosa e Escherichia coli. Essas bactérias estão tipicamente presentes no corpo humano, como na pele, na cavidade nasal e no intestino, sem oferecer riscos à saúde de indivíduos saudáveis.
No entanto, quando esses microrganismos entram na corrente sanguínea, podem desencadear processos inflamatórios e dificultar o fechamento de feridas crônicas. Em casos graves, podem levar à amputação de membros, à sepse e até à morte.
Os resultados da pesquisa paulista não só trazem esse problema ao holofote como colocam uma nova perspectiva de resolver essa chaga na vida dos pacientes.