O ato de comer a placenta após o parto ganhou popularidade ano passado quando a socialite americana Kim Kardashian anunciou que comeria a própria placenta depois de dar a luz a Saint West, seu segundo filho. Antes dela, as atrizes Holly Madison, January Jones e Mayim Bialik haviam feito o mesmo. Agora, a apresentadora e chef de cozinha Bela Gil contou que ela e até sua primogênita ingeriram a placenta após o parto de Nino, seu segundo filho, que nasceu em Nova York, nos Estados Unidos, no final de maio.
Em entrevista a VEJA Rio, Bela afirmou “é uma fonte incrível de nutrientes. Nem senti o gosto, porque misturei com vitamina de banana. A Flor, minha primogênita, também bebeu enquanto comemorava a chegada do irmão”. Pode parecer estranho, mas essas mulheres aderiam, na verdade, à placentofagia, termo dado à prática de ingerir a placenta, que tem se tornado cada vez mais comum nos Estados Unidos e na Europa.
A placenta é um agrupamento de vasos sanguíneos que une o feto à parede do útero materno, permitindo a passagem de materiais nutritivos e oxigênio para o sangue do feto e a eliminação de resíduos de seu metabolismo. Além disso, ela também desempenha um papel importante na produção de hormônios como progesterona, gonadotrofina coriônica (hCG), hormônio lactogênio placentário e estrogênio.
Embora não exista base científica comprovada, o hábito baseia-se na crença de que a placenta concentra, mesmo após o parto, uma grande quantidade de nutrientes e hormônios benéficos para a saúde da mãe. Entre os benefícios estariam: aumento da energia e disposição após o parto, melhora na produção de leite e na aparência da pele, unhas e cabelo e, ainda contribuiria para a prevenção da depressão pós-parto. As formas de consumo variam entre vitaminas – escolha de Bela Gil -, cápsulas – opção de Kim Kardashian -, crua ou cozida.
Leia também:
A dieta da placenta
Anvisa lança guia sobre congelamento de cordão umbilical
Entretanto, segundo Rita Sanchez, ginecologista e coordenadora da maternidade do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, os hormônios e nutrientes da placenta se perdem após o parto. “O que sobra da placenta não é nada além de um agrupamento de vasos sanguíneos que deve ser terrível de mastigar, pois a textura de ser parecida com a de um elástico”, diz a médica.
Em relação a possíveis riscos associados à prática, Rita afirma que só seria perigoso comer a placenta de outra pessoa, devido ao risco de transmissão de micro-organismos presentes no tecido. Outro risco está associado ao armazenamento. Como todo item perecível, caso não haja um manejo adequado, pode haver contaminação ou proliferação de bactérias.
Bela Gil, que é conhecida por seus “métodos não muito convencionais” para cuidar da saúde e alimentação, optou por um parto doméstico feito na água. Ela deu à luz em sua casa de Nova York acompanhada do marido, da filha Flor, de uma parteira e uma doula. “Dói, não vou mentir, mas não é insuportável. É um absurdo o parto domiciliar com auxílio médico ser proibido no Rio.”, disse à VEJA Rio.
Na Grã-Bretanha, Estados Unidos e na maioria dos países europeus, as mães conseguem sair do hospital com a placenta. No Brasil, por ser um material repleto de sangue e que pode gerar contaminação, seu transporte não pode ser realizado por qualquer pessoa nem por qualquer tipo de veículo. Logo, as mães não conseguiriam levar sua placenta para casa.