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Aperte a tecla zen: a ioga dispara no confinamento da quarentena

O número de seguidores das aulas on-line da prática se multiplicou, popularizando uma modalidade milenar que acalma — mas, se malfeita, também pode machucar

Por Thaís Gesteira
Atualizado em 4 jun 2024, 15h45 - Publicado em 7 ago 2020, 06h00
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    INSPIRAÇÃO - Gisele: poses de celebridades divulgaram a prática pelo mundo todo – (instagram @gisele/.)

    Pessoas isoladas buscando transcender a própria existência unem duas situações separadas por milênios: a criação da ioga por volta de 3500 a.C. e as aflições de quem, neste 2020, teve a vida revirada de cabeça para baixo (esta, aliás, uma postura típica da prática nascida na Índia) pelo novo coronavírus. Com tempo disponível, necessidade de atividade física e encanto pelas poses de celebridades no Instagram, homens, mulheres e crianças enfurnados em casa pela quarentena pegaram seu tapetinho e se puseram a se esticar e se dobrar nas aulas de ioga a distância como se não houvesse amanhã. No Google, a procura por “ioga on-line” foi, neste primeiro semestre, 25 vezes maior do que em igual período do ano passado. O número de alunos inscritos em cursos no YouTube e outras plataformas cresceu 160% entre os adultos e inacreditáveis 4 500% entre as crianças. “A ioga, com sua imagem de antídoto contra o stress, foi a porta usada por muita gente para tentar se adaptar à mudança de rotina”, diz o professor Carlo Guaragna.

    Além da modelo Gisele Bünd­chen, que há anos publica fotos fazendo ioga em locais idílicos, famosas como Isis Valverde, Fernanda Lima e Grazi Massafera rechearam o Instagram de posturas (difíceis de reproduzir) durante a quarentena. “Temos tendência de estar sempre no passado ou no futuro, o que cria ansiedade. A ioga nos traz para o estado presente”, elogia Grazi. Com tal incentivo, Guaragna diz que o curso que oferece em rede social saltou de 60 000 para 113 000 seguidores nos últimos meses. “As pessoas se inspiram em outras, mas acabam desenvolvendo sua individualidade. O autoconhecimento que a ioga proporciona é justamente o caminho para cada um se aproximar de suas autenticidades”, ensina. A designer de moda Roberta Tordin, 41 anos, que nunca foi fã de exercício físico vigoroso, conta que tentou primeiro a meditação, sem sucesso, antes de aderir à ioga on-line. “Nunca pensei que ia fazer uma atividade sozinha, na minha casa, e me sentir bem. Ela serviu para me acalmar quando a pressão ficou muito pesada”, descreve.

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    CALMANTE - Grazi Massafera: aulas de ioga para controlar a ansiedade – (instagram @massafera/.)

    Precursora de videoaulas de ioga em português no YouTube, onde mantém um canal há seis anos (atualmente, o maior do Brasil), Pri Leite viu seu número de inscritos, que já não era pouco, mais que dobrar, de 310 000 para 740 000. “Em geral, são pessoas que têm interesse em alinhar o autoconhecimento com o autocuidado”, explica. Pri, que mora em Los Angeles, comemora a descoberta da ioga a distância e acha que o interesse será duradouro, até porque na internet as aulas ou são gratuitas ou bem mais em conta do que as dos estúdios, com mensalidades que variam de 90 a 300 reais. Boa parte dos novos fãs da milenar prática oriental é de pequenos presos em casa, com pouco ou nada para fazer e precisando gastar energia. A professora Nataly Pugliesi, de Campinas, interior de São Paulo, conta que antes da pandemia dava aulas extracurriculares a duas turmas. Com o fechamento das escolas, a disciplina entrou no currículo e o número de alunos explodiu. “Antes eu tinha uns trinta alunos. Agora, até 200 crianças passam por mim semanalmente. As mães notam que, sem perceber, elas se acalmam”, relata Nataly.

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    Para os alunos, a opção pela ioga on-line, com o pouco material e o espaço pequeno que exige, o preço mais baixo (ou zero) e a promessa de menos stress, não foi difícil. Já os professores mais conservadores resistiram de início ao curso a distância, considerando que ele privilegia o esforço físico em detrimento da concentração (veja o quadro). Marcos Rojo, ph.D. em ciência da ioga que lecionou a prática durante mais de 35 anos na Universidade de São Paulo, relutou, mas aderiu às aulas pelo aplicativo Zoom. “O aprendizado ficou muito mais acessível e abrangente. Atualmente tenho alunos de Salvador a Chicago”, diz. No entanto, ele insiste em que as aulas têm de ser muito bem conduzidas, para que a precisão no exercício possa ser alcançada. “Algumas técnicas possuem sutilezas de execução quase impossíveis de ser ensinadas a distância. Nunca consigo ir tão longe quanto na aula presencial, quando eu posso ‘sentir’ o meu aluno”, explica.

    Outra preocupação dos profissionais, como em qualquer exercício físico, é o risco de lesões. Na prática diante da tela, é importante respeitar os limites do corpo e evoluir conforme esses limites. “As dificuldades nas posturas, no início, são normais. É preciso ter sempre o acompanhamento de um instrutor para superar e aprender certo”, alerta a professora e youtuber Fernanda Yoga, que tem 260 000 pessoas inscritas no seu canal, cinco vezes mais do que antes da quarentena. No mais, é inspirar, expirar e se concentrar em alcançar a calmaria no meio do caos.

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    Publicado em VEJA de 12 de agosto de 2020, edição nº 2699

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