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A estreia no Brasil do Mazor, robô mais preciso para cirurgias de coluna

Reportagem de VEJA acompanhou primeiro procedimento realizado no Hospital Israelita Albert Einstein; tecnologia reduz exposição à radiação

Por Paula Felix Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 9 abr 2024, 19h52

Já passavam das 7 horas da manhã quando uma movimentação se formou em uma das salas de cirurgia do Hospital Israelita Albert Einstein, na zona sul de São Paulo. Eram médicos e enfermeiros que observavam um pequeno quadrado de vidro na porta, um prenúncio de que aquela segunda-feira, 8, seria um dia importante. Eles aguardavam a estreia no Brasil do Mazor, um sistema robótico que permite o planejamento prévio de cirurgias na coluna vertebral e faz incisões precisas para a colocação de parafusos para dar estabilidade às vértebras, um delicado procedimento que, agora, pode ser realizado pelos cirurgiões com um novo aliado. A reportagem de VEJA estava no hospital e acompanhou os minutos que antecederam a cirurgia e a emoção da equipe ao encerrar a primeira missão da tecnologia no país.

Perto da sala, mantendo a tranquilidade de quem faz 30 a 40 cirurgias por mês, estava o cirurgião de coluna Luciano Miller, preparado para operar a paciente de 80 anos que receberia seis parafusos na coluna com suporte do Mazor por causa do escorregamento de vértebra e faria ainda uma descompressão dos nervos por causa de um quadro de estenose do canal lombar.

“O robô ajuda a dar segurança na cirurgia. Ele posiciona os parafusos na trajetória correta e a gente, como cirurgião, faz a introdução do parafuso”, explica Miller. A posição é definida a partir de uma programação feita pelo especialista antes da cirurgia, com até dias de antecedência, utilizando o software do robô e imagens da tomografia do paciente. Assim, deformidades na coluna — caso da escoliose –, hérnias de disco e outras doenças degenerativas, traumatismos e tumores podem ser tratados com o método.

Em uso nos Estados Unidos, Canadá, Chile, Japão, China e países da Europa, a plataforma da Medtronic já atuou em 14 mil cirurgias e, segundo a empresa, tem previsibilidade para a colocação de implantes, sem a ocorrência de desvios, de 98,7%. O resultado da precisão é o maior diferencial das cirurgias robóticas: operações minimamente invasivas, risco diminuído de infecção hospitalar, tempo reduzido de internação e menos dor no pós-operatório.

Outra vantagem é que, em métodos convencionais, é necessário utilizar radiação para orientar a inserção dos parafusos. Com o robô, o tempo de exposição é reduzido em 80%.

Dentro da sala de cirurgia

No centro operatório, o clima é de expectativa e curiosidade. As fortes luzes dos focos de teto destacam a região a ser operada, mas não é possível visualizar a paciente que está coberta por um extenso campo cirúrgico azul. O bisturi elétrico descortina as camadas de tecido que recobrem a coluna e, com movimentos precisos, a equipe desnuda a parte óssea que será trabalhada.

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A postos, está o Mazor. O conjunto conta com um tipo de carrinho, um braço que segura as pinças e cinco câmeras que capturam o volume corporal e fazem imagens no momento que o paciente está pronto para o procedimento. É com elas que acontece a sobreposição das imagens na hora da cirurgia com as tomografias previamente realizadas.

“O robô ainda tem uma característica de visibilidade. Tudo que ele fizer, a gente consegue ver. Veremos o parafuso progredindo na imagem da tomografia virtualmente”, diz Enio Ayala, representante comercial da Medtronic. “A gente consegue rastrear a posição do instrumental. Com isso, é reduzida a agressão tecidual e também de musculatura que temos de deslocar do osso, e as cirurgias são mais assertivas”, completa.

Algo que se destaca é que, além de parecer discreto perto de todo o instrumental usado na cirurgia e da quantidade de equipamentos, parte do Mazor corresponde ao que se imagina de um robô. Ele tem uma estrutura que lembra feições humanas. “Simpático” e “Parece um rostinho” foram as principais exclamações daqueles que o viram de perto.

O simpático
O simpático “rosto” do robô Mazor (Hospital Israelita Albert Einstein/Divulgação)

A grande estreia

Com o caminho livre nas costas da paciente, Miller iniciou o esperado momento para a perfuração das vértebras e colocação dos parafusos com suporte do robô. A reportagem fazia um revesamento, entrando e saindo da sala, ao longo das mais de duas horas de cirurgia. Do lado de fora, foi possível ouvir aplausos. Era a certeza de que o primeiro parafuso tinha sido colocado.

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Nos demais parafusos, havia uma atmosfera de extrema concentração e também certeza de que aquele momento era histórico. A cada novo posicionamento, os presentes se entreolhavam e assentiam com a cabeça para demonstrar que tudo corria bem. “Maravilha, maravilha”, confirmou o cirurgião ao terminar de abrir caminho para o último parafuso. Quando devidamente instalado, mais aplausos. Não era preciso ser médico para entender que tinha sido um sucesso.

O robô encantou quem teve a oportunidade de vê-lo em ação, mas se engana quem pensa que a tecnologia vai substituir os médicos. “Ele não vai substituir o cirurgião ao longo do tempo. Vai auxiliar. A união entre máquina e ser humano é o maior fator de segurança e benefício ao paciente. Não haverá substituição, mas sim sinergia”, afirmou Mario Lenza, gerente médico da ortopedia do Einstein.

Está claro, então, que o Mazor chega para ser uma nova avenida para entregar ao paciente o que a medicina almeja e que também é o significado do seu nome, que vem do hebraico: cura.

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