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Sara Winter: Não tem mais peito de fora

Ela já foi a mais barulhenta militante brasileira do Femen. Sentindo-se traída, explica por que largou o feminismo radical e se converteu ao catolicismo

Por Maria Clara Vieira Atualizado em 18 Maio 2018, 06h00 - Publicado em 18 Maio 2018, 06h00
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  • Recentemente, você foi impedida de dar uma palestra na Universidade Federal Fluminense. Os ativistas dizem que você dificultou o diálogo ao entrar com seguranças armados. É verdade? Não. Entrei acompanhada por amigos que me protegem — mas, se eu tivesse condições, contrataria seguranças particulares, pois claramente preciso ser protegida desses intolerantes. Os cristãos, conservadores e pessoas inclinadas à direita política têm sido suprimidas do espaço universitário.

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    Você publicou um livro intitulado Vadia, Não! Sete Vezes em que Fui Traída pelo Feminismo. De onde vem a mágoa? Nada do feminismo que os movimentos de esquerda apregoam é verdade. Ninguém está interessado em ajudar quem sofreu estupro, abuso e outras formas de violência. Nas reuniões a que eu ia, quem mais falava eram as doidas que veneram a menstruação, o útero, a deusa-mãe, blá-blá-blá. Muitas meninas que, como eu, passaram por sofrimento eram usadas só para fazer manifestação. Nos tempos do Femen, chegaram a me pagar para protestar de peito de fora. Mas, apesar de tudo, ainda me considero pró-mulher.

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    Por que o feminismo é sempre associado à esquerda? Por causa do erro crasso da direita de opor-se a tudo o que considera de esquerda. Em nome disso, ficam dizendo, por exemplo, que assédio não existe, que é mi-mi-mi, frescura. Estão dando de bandeja pautas legítimas para o outro lado.

    O catolicismo influiu no seu afastamento do feminismo? A religião foi fundamental. Fiquei grávida pela segunda vez — na primeira, abortei — e comecei a frequentar a chácara de uma senhora que dava aulas de ioga para gestantes. Lá, tinha de rezar o pai-nosso e a ave-maria, e comecei a sentir muita vontade de voltar para a igreja.

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    Como foi a reconciliação? Eu tinha vergonha do meu passado. Afinal, fui a menina que ficou pelada, crucificada, beijando outra mulher, em frente à Igreja da Candelária, no Rio. Na minha primeira confissão, passei quatro horas falando. O ouvido do padre devia estar pegando fogo, coitado.

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    Mudou completamente, então? Nem tanto. Mantenho muitos dos meus gostos. Não dispenso rock e detesto quem mete o bedelho nas minhas tatuagens. Mas até nelas estou mexendo. Esta Frida Kahlo no meu antebraço vai virar uma Nossa Senhora de Guadalupe.

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    Publicado em VEJA de 23 de maio de 2018, edição nº 2583

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