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O fantástico homem dos quadrinhos

Stan Lee, criador dos super-heróis humanos, demasiado humanos, da Marvel, morre aos 95 anos

Por Da Redação Atualizado em 16 nov 2018, 07h00 - Publicado em 16 nov 2018, 07h00

Heróis remetem a tempos longínquos. Na Grécia antiga, eram, quase sempre, semideuses, filhos de deuses com humanos. Desse modo, não é exagero afirmar que, apesar de eles terem alguns dotes excepcionais, seu aspecto terreno era duplamente acentuado — afinal, os mitológicos deuses do Olimpo eram carregados de traços humanos. Quando os primeiros “super-heróis” surgiram nos quadrinhos, nos anos 30 do século XX — embora o termo já fosse dicionarizado desde 1917 —, suas, digamos, fraquezas humanas eram mínimas. Não por acaso, o pioneiro deles atendia pelo nome de Super-Homem. Foi o americano Stan Lee que mudou essa prosa, com sua galeria de super-heróis realmente humanizados — a começar pelo Homem-Aranha.

Filho de romenos que foram para os Estados Unidos fugindo do antissemitismo, Stanley Martin Lieber nasceu em Nova York, em 1922. Começou a trabalhar com quadrinhos, numa pequena editora, aos 16 anos. Pouco depois já estava na Marvel, onde assumiria o posto de editor. Lá usou também o pseudônimo Stan Lee, criado antes, para parecer que a casa tinha um autor a mais. Por quase duas décadas, enquanto a rival DC Comics, que publicava o Super-Homem, esbanjou vendas, Lee e a empresa que pilotava mantiveram um desempenho apenas razoável. Com a chegada da crise que tomou conta do setor, no fim dos anos 1950, a Marvel quase quebrou. Lee não desenhava, mas, com a ajuda dos artistas Jack Kirby (1917-1994) e Steve Ditko (1927-2018), ele conseguiu catapultar a editora para o sucesso no início da década de 60, quando surgiram o Quarteto Fantástico (1961), o Homem-Aranha e o Hulk (1962), o Homem de Ferro e Os Vingadores (1963). A virada veio justamente porque Lee deixou de lado a ideia de que os super-­heróis tinham de ser perfeitos, e passou a moldá-los com emoções conflitantes e — suprema ousadia — sujeição ao medo. Sua obsessão passou a ser então dar vida a “personagens de carne e osso, com personalidade”, conforme contou ao jornal The Washington Post em 1992.

“Primo por criar super-heróis humanos, de carne e osso.”

Stan Lee (1922-2018)

Durante anos, Lee foi criticado por não reconhecer as contribuições dos ilustradores. O Homem-Aranha se tornou o super-herói mais conhecido da Marvel. No entanto, só em 2014 o desenhista Ditko, responsável por seu icônico uniforme azul e vermelho, conseguiu reaver os royalties a que tinha direito. Em 1980, Lee assumiu a tarefa de levar seus heróis para a TV e o cinema. Trocou Nova York por Los Angeles e amargou uma fase de fracassos. Os direitos sobre o Homem-­Aranha e o Hulk, por exemplo, estavam vendidos desde 1976, mas ambos só foram para as telas a partir da década de 90. De lá para cá, as cifras só aumentam. De 2009 até hoje, a Disney, que comprou a Marvel, faturou cerca de 15 bilhões de dólares com seus super-heróis humanos, demasiado humanos. Stan Lee morreu no dia 12, aos 95 anos, de causa não revelada, em Los Angeles.

Publicado em VEJA de 21 de novembro de 2018, edição nº 2609

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