Memória: Olympia Dukakis, Tamara Press e Helen Murray Free
Relembre as trajetórias das personalidades que faleceram nesta semana
A atriz americana de origem grega Olympia Dukakis dizia ter um modo peculiar de medir o sucesso de seus trabalhos. “A parte mais engraçada é que as pessoas passam por mim na rua e gritam falas dos meus filmes”, contou, rindo, numa entrevista ao Los Angeles Times, em 1991. De rigorosa formação no teatro, em dramas, tragédias e comédias, ela dominava como ninguém o ritmo dos diálogos — quase sempre sorrindo. Seu maior sucesso foi no filme Feitiço da Lua, de 1987, dirigido por Norman Jewinson. Ela fez a mãe siciliana (e histriônica) da contadora Loreta Castorini, interpretada por Cher. Pelo papel, Olympia ganhou o Oscar de atriz coadjuvante. “Ríamos o tempo inteiro nas gravações”, postou Cher em suas redes sociais. Ela morreu em 1º de maio, aos 89 anos, em Nova York, de causas não reveladas pela família.
Um debate olímpico
Nos Jogos Olímpicos de 1960 e 1964, a soviética Tamara Press fez fama imediata ao ganhar a medalha de ouro no lançamento de disco e no arremesso de peso, provas clássicas do atletismo. Não demorou para que as dimensões da campeã — 1,80 metro e mais de 100 quilos — deflagrassem uma calorosa controvérsia. Tamara foi acusada de ser homem, informação que jamais seria comprovada. O debate inaugurado há seis décadas permanece vivo, com desconfiança em torno dos atletas nascidos com características sexuais que não estão de acordo com as descrições binárias de homem e mulher. O caso mais emblemático é o da sul-africana Caster Semenya, bicampeã olímpica dos 800 metros, forçada a reduzir seus níveis naturais de testosterona, o hormônio masculino. A Federação Internacional de Atletismo reconheceu o tom discriminatório da decisão, mas a pôs em prática. Tamara morreu em 26 de abril, aos 83 anos, na Ucrânia.
Revolução contra o diabetes
Antes dos medidores eletrônicos de glicose, que são vendidos em farmácia, as pessoas que desconfiavam ter diabetes faziam demorados exames em laboratórios de análises clínicas. Produtos químicos eram adicionados à urina e depois levados ao fogo, no chamado bico de Bunsen. Eram procedimentos inconvenientes e imprecisos. Até a americana Helen Murray Free deflagrar uma revolução, em 1956, ao inventar um modo muito mais simples de detecção da complicação de saúde: uma singela tira de papel afeita a identificar glicose na urina, rapidamente. A criação — em uso até hoje — simplificou o combate ao diabetes e salvou vidas. Helen morreu em Indiana, nos Estados Unidos, em 1º de maio, aos 98 anos, em decorrência de um derrame.
Publicado em VEJA de 12 de maio de 2021, edição nº 2737