Johnny Clegg: uma voz contra o apartheid
Cantor sul-africano morreu na terça-feira 16, aos 66 anos, em decorrência de um câncer no pâncreas
O sul-africano de origem inglesa Johnny Clegg era chamado por seus conterrâneos de umlungu omnyama — o “branco negro”. O cantor ganhou o epíteto não apenas por sua música, que investia numa combinação de pop com ritmos africanos, mas principalmente por sua incansável luta contra o regime racista do apartheid, que vigorou na África do Sul entre 1948 e 1994. Clegg nasceu em Bacup, cidade inglesa nos arredores de Manchester, em 1953. Sua mãe, uma cantora de jazz, vivera no Zimbábue e voltou para a África com o filho depois que se divorciou do marido. Clegg era adolescente quando se encantou com a música do povo zulu, tocada por migrantes pobres que iam tentar a sorte em Johannesburgo. Aos 16 anos, ele formou o grupo Juluka, ao lado do guitarrista negro Sipho Mchunu. Foi um ato de coragem, pois o governo da África do Sul proibia esse tipo de mistura racial na música — o que resultou em constantes batidas policiais em shows e boicotes nas rádios. Com o fim do Juluka, em 1985, Clegg criou o também inter-racial Savuka. Embora mais pop que o grupo anterior, o novo projeto trazia uma mensagem política direta (anteriormente, o compositor usava metáforas para disfarçar denúncias sobre a situação do país). Seu sucesso Asimbonanga era um protesto contra a prisão do líder negro Nelson Mandela. Após receber o diagnóstico de câncer no pâncreas, em 2015, Clegg cancelou shows. Dois anos atrás, porém, foi para a estrada com a turnê de despedida A Viagem Final. Morreu na terça-feira 16, aos 66 anos, em decorrência da doença.
“Primeira-mãe” elegante
Dilma Jane Rousseff foi espectadora privilegiada da ascensão e queda da filha. Entre a primeira eleição da ex-presidente Dilma, em 2010, e o impeachment, em 2016, ela foi sua companhia no Palácio da Alvorada. A “primeira-mãe”, sempre de visual impecável, chegou ao fim do mandato da petista sofrendo de Alzheimer. Morreu no sábado 13, aos 95 anos, de causa não divulgada, em Belo Horizonte.
Gentil e eclético
O jornalista carioca Rogério Daflon tinha duas paixões: esporte e urbanismo. O esporte deu início à jornada do botafoguense nas redações — ele passou por Placar, VEJA Rio e O Globo, entre outros. Dono de uma gentileza ímpar, Daflon também conduziu reportagens sobre planejamento urbano e meio ambiente. Morreu na terça-feira 16, aos 55 anos, em consequência de um atropelamento, no Rio.
Publicado em VEJA de 24 de julho de 2019, edição nº 2644