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Carta ao Leitor: Mensagem de tolerância

Monarquia britânica só tem a ganhar com a diversidade: encurta a distância que a separa dos cidadãos comuns e oferece uma lição de respeito às diferenças

Por Da Redação Atualizado em 18 Maio 2018, 06h00 - Publicado em 18 Maio 2018, 06h00

Os casamentos da realeza britânica, além de serem um espetáculo de entretenimento e diversão, costumam carregar um valor simbólico — e, no terreno do simbolismo, o enlace entre o príncipe Harry e a plebeia Meghan é uma peça excepcional. Numa instituição que já tem mais de 1 000 anos, nunca se viu um membro da casa real britânica contrair matrimônio com uma atriz estrangeira, divorciada e oriunda de uma “família negra”, segundo a definição usada pela imprensa inglesa.

A monarquia britânica só tem a ganhar com a diversidade: além de encurtar a distância que a separa da vida dos cidadãos comuns, acaba por oferecer uma lição de respeito diante das diferenças. Obviamente, colhe os frutos no aumento de sua popularidade. É a arte da realeza: renovar-se, modernizar-se, atualizar-se, sempre em velocidade vaticana, para não morrer.

Os resultados já são visíveis, antes mesmo da consumação do casamento. No Brixton, no sul de Londres, onde fica a maior população de caribenhos e africanos da capital inglesa, há até um clima festivo nas ruas, coisa que não ocorreu no casamento de William e Kate, em 2011. A comunidade local exibe uma ponta de orgulho com o enlace de agora, que, afinal, dará ao mundo uma princesa filha de mãe negra e pai branco.

Para alguns, o casamento de Harry e Meghan será um antídoto contra uma certa atmosfera hostil surgida depois do Brexit, a decisão que excluiu o Reino Unido da União Europeia. A Organização das Nações Unidas, por meio de uma missão especial, constatou que houve um aumento na animosidade étnica, racial e religiosa entre os britânicos. Os otimistas esperam que um casal birracial — e nobre — possa ajudar a mudar esse cenário desolador.

ENLACES NOBRES – Capas de VEJA estampando matrimônios reais: entretenimento e simbolismo (//VEJA)

Seria mesmo um alento se, de fato, as coisas mudassem. Mas não deixa de ser um tanto ingênuo esperar que um matrimônio real, por unir um ruivo com uma mulata, seja capaz de alterar esse ambiente de intolerância étnica — ainda que seu valor simbólico não possa ser ignorado. Equivale a acreditar que, em países mais miscigenados, a intolerância racial é necessariamente menor. O caso do Brasil, neste aspecto, é um exemplo pedagógico: a miscigenação é expressiva, culturalmente aceita, e, no entanto, não evitou o racismo, nem contribuiu para dissolvê-lo.

Ainda assim, sejam quais forem seus efeitos práticos, o casamento de Harry e Meghan manda uma inquestionável mensagem de tolerância ao mundo — o que, nestes tempos de radicalismos e preconceitos, é mais do que se podia esperar.

Publicado em VEJA de 23 de maio de 2018, edição nº 2583

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