O ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, decidiu libertar da cadeia Alexandrino Alencar, ex-executivo da Odebrecht preso desde junho por decisão do juiz federal Sérgio Moro. Alencar era diretor de Relações Institucionais da empreiteira, e foi apontado por delatores do petrolão como um dos operadores de propina na Odebrecht. Ele deixou o cargo pouco depois da prisão. Zavascki acatou nesta sexta-feira pedido de habeas corpus protocolado na corte pela defesa do executivo. A expectativa é que Alencar seja liberado ainda nesta sexta-feira.
Em substituição à prisão, o ministro determinou que Alencar cumpra medidas alternativas. Ele fica proibido de deixar o país ou mudar de endereço, bem como de manter contato com demais investigados. Também terá de comparecer mensalmente diante de um juiz e a todos os atos do processo sempre que intimado.
Entre 2008 e 2012, Alencar encontrou-se diversas vezes com Rafael Ângulo Lopez, auxiliar do doleiro Alberto Youssef que, além de distribuir a propina do petrolão para políticos, também fazia depósitos em contas no exterior para beneficiários do esquema criminoso. O executivo chegou a viajar com o ex-presidente Lula para o exterior em uma “missão oficial” do petista para Guiné Equatorial e para países latino-americanos.
Carregador de malas do doleiro, Lopez disse em depoimento à Procuradoria Geral da República (PGR) que Youssef e Alexandrino Alencar discutiam pagamento de propina. Os investigadores da Lava Jato concluíram que ele atuava como distribuidor de vantagens ilícitas em nome de Odebrecht no escândalo do petrolão.
A Polícia Federal interceptou uma conversa do ex-presidente Lula com o ex-diretor da Odebrecht poucos dias antes de o executivo ser preso na Operação Lava Jato. Em relatório final sobre a gravação, feita durante a Operação Erga Omnes, 14ª fase da Lava Jato, a PF informa ao juiz federal Sérgio Moro que Lula falou por telefone no dia 15 de junho de 2015 com Alexandrino. Segundo o relatório, Lula e o executivo estariam preocupados com “assuntos do BNDES”. A PF não grampeou Lula. Os investigadores monitoravam os contatos do executivo, até então investigado na Lava Jato, e por isso a conversa foi gravada.
(Da redação)