Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

STF: ação contra agressor independe de queixa da vítima

Suprema Corte valida Lei Maria da Penha e diz que o suspeito de praticar violência doméstica pode ser punido mesmo sem a vontade da mulher

Por Luciana Marques
9 fev 2012, 19h36
  • Seguir materia Seguindo materia
  • O Supremo Tribunal Federal (STF) confirmou nesta quinta-feira a validade da Lei Maria da Penha e decidiu que a punição ao agressor independe de representação da vítima. Ou seja, o suspeito de ter praticado lesão corporal contra a mulher, no ambiente doméstico e familiar, pode ser punido ainda que a vítima não queira processá-lo ou tenha desistido de dar prosseguimento à queixa. A ação pode, por exemplo, ser apresentada pelo Ministério Público.

    Publicidade

    Por unanimidade, o STF decidiu que a lei é constitucional. Já a interpretação de que o agressor pode ser punido mesmo sem a vontade da vítima foi aprovada por dez ministros. Só o presidente da Corte, Cezar Peluso, votou contra essa posição. “Tenho a esperança que a maioria tenha acertado mais uma vez”, disse.

    Publicidade

    O relator do caso, ministro Marco Aurélio Mello, deu o primeiro voto a favor da lei. “Endosso a possibilidade da notícia-crime ser dada, por exemplo, por um vizinho que haja presenciado a violência”, disse. Segundo ele, 90% das mulheres agredidas desistem do processo por “livre manifestação de vontade”. “Aos 65 anos, eu não acredito mais em Papai Noel”, ironizou. O ministro acrescentou que a maioria dos assassinatos de mulheres é praticada pelo companheiro ou ex-companheiro da vítima.

    A ministra Cármen Lúcia não poupou frases de efeito para defender a Lei Maria da Penha. Ela citou, em tom de crítica, ditos populares que tratam a agressão a mulheres como um fato corriqueiro.

    Publicidade
    Continua após a publicidade

    A mineira foi a segunda mulher a integrar o Supremo e a primeira ministra a usar calça comprida durante uma sessão plenária da mais alta corte do país, em 2007, quebrando uma tradição centenária. Ela afirmou ter sentido na pele o preconceito por chegar ao topo do Judiciário: “Às vezes acham que juíza desse tribunal não sofre preconceito. Mentira, sofre! Há os que acham que isso aqui não é lugar de mulher, como uma vez me disse uma determinada pessoa sem saber que eu era uma ministra.”

    Cármen Lúcia foi enfática ao defender a punição a quem agride mulheres. “Enquanto houver uma mulher sofrendo violência em qualquer lugar do planeta eu me sinto violentada.”

    Publicidade
    Cármen Lúcia: “Enquanto houver uma mulher sofrendo violência em qualquer lugar do planeta eu me sinto violentada” (VEJA)
    Continua após a publicidade

    Defesa- Representando a Advocacia-Geral da União (AGU), Grace Maria Fernandes sustentou durante o julgamento que, mesmo nos casos de lesão corporal leve, a ação contra o agressor deve ser pública e incondicionada. Segundo ela, a cada quinze segundos uma mulher é vítima de espancamento no país.

    “O dado espanca a tese de que a Lei Maria da Penha é discriminatória entre homem e mulher”, disse. “Desigualdade seria se a Lei Maria da Penha valesse também para o homem, porque estaria nivelando aqueles que se encontram em desigualdade.” Para a advogada, a posição da mulher em relação ao homem é de vulnerabilidade. Segundo o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ophir Cavalcante, uma em cada seis mulheres sofre violência e 80% das vítimas têm filhos com o agressor.

    Publicidade

    O advogado-geral do Senado, Alberto Cascais, defendeu tese contrária à da PGR. Ele afirmou que o texto debatido no Congresso Nacional deixou nas mãos da vítima a decisão de processar o agressor. “A mulher tem livre domínio sobre o processo contra seu companheiro ou familiar. Do contrário, o Ministério Público levaria um processo contra a vontade da vítima”, disse.

    Continua após a publicidade

    Política– Às vésperas de deixar a Secretaria de Políticas para as Mulheres, a ministra Iriny Lopes acompanhou a sessão do Plenário do STF. Eleonora Menicucci (PT), sua sucessora, defendeu em sua primeira entrevista coletiva a tese do Ministério Público sobre a Lei Maria da Penha. A senadora Marta Suplicy (PT-SP) também assistiu ao julgamento.

    Publicidade
    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Domine o fato. Confie na fonte.

    10 grandes marcas em uma única assinatura digital

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 2,00/semana*

    ou
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 39,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.