Após mais de três horas de reunião, a bancada do PMDB de Minas Gerais não chegou a um consenso sobre como deve se posicionar na disputa pela liderança do PMDB na Câmara e liberou seus sete integrantes a apoiarem o candidato que quiserem. Sem acordo, o deputado Newton Cardoso Júnior (MG) retirou sua candidatura, e Leonardo Quintão (MG) confirmou que será candidato de um “grupo”, formado em sua maioria pela ala pró-impeachment do partido.
“Não teve consenso e, por isso, a bancada está liberada para votar em quem quiser. Minas não terá um candidato [a líder do PMDB]”, afirmou Cardoso. De acordo com ele, na reunião houve três propostas: a candidatura dele, a de Quintão e o apoio à reeleição do atual líder do partido na Casa, Leonardo Picciani (RJ). “Coloquei meu nome e repeti que seria candidato se houvesse consenso. Como não houve, retirei minha candidatura”, justificou.
Leia mais:
Contrário à aliança com Dilma, senador Ricardo Ferraço deixa o PMDB
Marina Silva diz que eventual governo Temer pode paralisar Lava Jato
Segundo Quintão, a defesa de apoio a Picciani foi feita pelo deputado Mauro Lopes (MG). O parlamentar mineiro foi sondado pelo Palácio do Planalto para assumir a Secretaria da Aviação Civil, em troca de apoiar a recondução do deputado fluminense, e já declarou que tem interesse no cargo. “O Mauro Lopes insistiu na questão do ministério e declarou apoio ao Picciani, porque ele [Picciani] prometeu a ele [Lopes] ser ministro, caso Lopes e a bancada o apoiem”, comentou Quintão.
Sem consenso na bancada, Quintão afirmou que será candidato do grupo que articulou a derrubada de Picciani e a condução dele à liderança do PMDB em dezembro do ano passado. Apesar de o grupo ser formado majoritariamente por deputados pró-impeachment, o parlamentar mineiro sustenta que sua candidatura não deve ser considerada anti-Dilma. “Minha candidatura será pró-PMDB. Não cabe a mim ser contra ou a favor de impeachment, mas apenas conduzir o processo”, disse.
Quintão destacou que o vice-governador de Minas Gerais e presidente estadual do PMDB, Antônio Andrade, se comprometeu em procurar o Palácio do Planalto para reiterar que a candidatura dele não é pró-impeachment. “O Picciani tem propagado isso, mas ele está mentindo. O presidente do PMDB mineiro vai lá falar que minha candidatura é do partido e que irá defender a maioria do PMDB”, afirmou.
Ele disse estar “bem tranquilo” em relação à sua eleição à liderança do PMDB. Conforme o parlamentar, o voto secreto – já acordado entre ele e Picciani durante reunião na semana passada – deve favorecê-lo. “Com o voto secreto, fico bastante confortável, porque vai evitar aqueles que querem votar em mim sejam pressionados ou ameaçados por interferências externas”, afirmou. O deputado mineiro disse ter votos de cinco dos sete integrantes da bancada mineira. Ele diz só não contar com os votos de Newton e de Mauro.
“Estou bem tranquilo. Vamos chegar a mais de 40 votos”, afirmou Quintão. Nesta terça-feira, ele e Picciani devem se reunir para fechar as regras da eleição. A principal divergência até agora em relação ao número de votos necessário, em caso de reeleição. Enquanto o deputado fluminense defende que o candidato precise de apenas maioria absoluta [34 votos], o parlamentar mineiro defende mínimo de 2/3 dos apoiamentos [44 votos] para que um peemedebista se reeleja.
(Com Estadão Conteúdo)