As eleições prévias do PSDB para definir o candidato à disputar as eleições presidenciais de 2021 continuam conturbadas. Após o problema no aplicativo para registrar os votos na semana passada, agora a votação enfrenta acusação de “fake news” e “quebra de sigilo”. Como mostra a coluna Radar, um vídeo gravado pelo presidente do PSDB em São Paulo, Marcos Vinholi, está no centro da polêmica. O tucano, aliado de João Doria, afirmou haver um resultado parcial que indicava a vitória do governador paulista nas prévias. A campanha de Leite, governador do Rio Grande do Sul e adversário de Doria, questionou o sigilo da votação. Segundo a executiva nacional do partido, o vídeo se trata de “retórica de campanha”.
Três candidatos disputam a indicação: os governadores João Doria (SP) e Eduardo Leite (RS) e o ex-prefeito de Manaus e ex-senador Arthur Virglio.
“Amigos do PSDB de São Paulo, quero parabenizar vocês, 9h30 da manhã, já conseguimos emplacar mais de 5 mil votos para João Dória, dando um grande show de mobilização de todos nós”, diz Vinholi em comunicado que circulou em grupos de WhatsApp de aliados de Doria.
Após a campanha de Leite levantar suspeitas sobre as prévias tucanas, o PSDB afirmou ao Radar que a votação é sigilosa e os resultados serão divulgados somente às 17h. O partido afirmam que os números divulgados no vídeo são “retórica de campanha. Em nenhum momento significa que houve qualquer quebra de sigilo nos votos”, disse. Após o posicionamento, a campanha de Leite encaminhou uma denúncia ao comando nacional do partido, dizendo que a campanha de Doria está divulgando ‘fake news’. “Quando Marco Vinholi afirma que mais de 5.000 pessoas votaram em Dória até às 09h30min deste sábado, ou ele está falando uma mentira escancarada, ou possui acesso privilegiado a alguma informação sobre a votação, o que, sem sombra de dúvidas, geraria evidente desigualdade no processo eleitoral”, diz a denúncia que VEJA teve acesso.
Vinholi, o autor do vídeo, tentou botar panos quentes na história, afirmando que seu vídeo se trata de uma “estimativa de votos” e não do resultado real da votação.
Problemas no app
A conclusão da votação das prévias estava prevista para o último domingo, 21, porém um problema no aplicativo encomendado à Fundação de Apoio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Faurgs) levou a apenas 4 mil pessoas, 10% do total dos votantes, a concluírem a escolha do candidato. Com isso, o partido cancelou a votação. A plataforma havia custado mais de um milhão de reais e só cumpriu bem a sua função por aproximadamente uma hora.
No começo da semana, uma força tarefa se iniciou para encontrar um substituto ao sistema, mas a plataforma encontrada também desapontou. Chamada de Relatasoft, foi facilmente derrubada em testes do partido realizados entre terça e quarta-feira. A última e definitiva plataforma que até agora não apresentou problemas é da startup BeeVote, testada pelos três pré-candidatos.
Devido aos problemas, a votação será apurada em três componentes. O primeiro será a votação feita pelo primeiro aplicativo, com cerca de 4 mil votos, que será somada ao segundo bloco realizado em um evento em Brasília no próprio domingo e teve a votação presencial por meio de urnas cedidas pelo TSE. Com o terceiro, realizado pela startup Beevote neste sábado, será concluída a apuração dos votos