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Preso, Argôlo ameaça incriminar caciques do PP

Colaboração do ex-deputado ganhou força após ele ter recebido informações de que o deputado Mario Negromonte Junior teria mandado recados ameaçadores

Por Laryssa Borges Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 12 ago 2015, 18h10

Preso desde abril em Curitiba por suspeitas de ter colocado o mandato parlamentar a serviço do doleiro Alberto Youssef, o ex-deputado Luiz Argôlo pretende discutir na próxima semana com o Ministério Público os termos de um futuro acordo de colaboração com a Justiça. A ideia é contar em detalhes como parlamentares do PP embolsaram por anos a fio dinheiro de propina desviado de contratos de empreiteiras com a Petrobras.

A defesa do ex-congressista trabalha com a hipótese de uma colaboração com os investigadores, mas não com uma delação premiada formal. O caso de Argôlo se assemelharia ao do doleiro Luccas Pace Junior, que não confessou crimes, mas colaborou na Lava Jato ajudando a identificar contas secretas onde a propina do petrolão era depositada.

O Ministério Público já se reuniu preliminarmente com Argôlo e questionou se ele poderia apresentar provas e informações sobre o esquema de corrupção que, segundo os investigadores, abasteceu os caixas de políticos do PP. O ex-deputado acenou com a possibilidade de contar o que sabe sobre o sistema de arrecadação de dinheiro sujo no partido, mas as conversas ainda não estão finalizadas.

Um dos entraves é a reticência de Argôlo em confessar crimes do petrolão. Segundo o Ministério Público, Argôlo, réu por corrupção, lavagem de dinheiro e peculato, é um dos políticos mais próximos do doleiro Alberto Youssef. Ele foi beneficiado no esquema do petrolão tanto por ter sido filiado ao PP quanto por uma decisão pessoal do doleiro, que admitiu ter “interesse pessoal” na carreira política do ex-parlamentar. Para o procurador Paulo Roberto Galvão, da força-tarefa do MInistério Público na Lava Jato, Argôlo pode ser classificado “quase como sócio” de Alberto Youssef em negócios ilícitos. A proximidade dos dois era tanta que os investigadores conseguiram mapear 78 visitas de Argôlo aos escritórios de Youssef em viagens cujas passagens aéreas acabaram custeadas pela Câmara dos Deputados. Foram pelo menos 40 visitas (93 trechos áereos) entre 2011 e 2014 pagas pela Câmara ao custo aproximado de 55.000 reais.

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A possibilidade de colaboração do ex-deputado ganhou força após ele ter recebido informações de que o deputado Mario Negromonte Junior (PP-BA) teria mandado recados ameaçadores por meio do ex-assessor Aricarlos Nascimento, que trabalhou nas campanhas políticas de Argôlo.

Segundo o advogado de Argôlo, Sidney Peixoto, Negromonte disse ao assessor que Argôlo deveria ficar “pianinho” porque, depois do petrolão, receberia apoio para voltar à vida pública. Caso resolvesse delatar algo em relação ao PP, porém, a ameaça foi mais incisiva. “Ele disse ‘o caminho de delator sabe qual é’. O caminho era a morte e às vezes poderia acontecer algo com a família dele”, afirmou o advogado ao site de VEJA. “Argôlo ficou muito abalado com a ameaça. Citou várias vezes a situação dos filhos. É uma coisa de machismo mesmo. Ele diz ‘eu em casa posso impor respeito maior, aqui dentro [na cadeia] não'”, disse. O deputado Mario Negromonte Junior disse, por meio de sua assessoria, que não houve ameaças e que não sabe o que motivou o assessor a acusá-lo.

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