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Pimentel: da espionagem a cargo no governo Dilma

Amigo de infância da presidente eleita, o ex-prefeito de Belo Horizonte tem sido convidado às reuniões do grupo de transição

Por Luciana Marques
8 nov 2010, 17h00

“O vice da Dilma é de um partido muito estruturado, com presença parlamentar muito forte, então isso vai tornar o governo necessariamente mais parlamentar.”

Na noite da vitória, quando Dilma Rousseff subiu ao palco para seu primeiro pronunciamento como presidente eleita, ele estava lá, bem atrás dela. E sua presença agora, nas primeiras reuniões do grupo mais próximo de Dilma, indica um desfecho feliz para Fernando Pimentel, com provável nomeação para cargo no próximo governo. Nada mal para quem começou a pré-campanha disputando espaço com Rui Falcão e causando problemas para a então candidata com uma rede de espionagem – descoberta por VEJA – contra opositores e até alguns aliados.

Derrotado por Aécio Neves (PSDB) e Itamar Franco (PPS) nas eleições para o Senado, o mineiro Pimentel se apoia em sua amizade de mais de 40 anos com a presidente eleita para garimpar uma vaguinha na Esplanada dos Ministérios ou, quem sabe, até no Palácio do Planalto.

Nesta entrevista, Pimentel fala sobre a disputa com Rui Falcão pela comunicação da campanha, mas nega ter guardado rancor do colega. Para ele, o assunto foi enterrado. No momento, prefere ocupar-se com reuniões particulares na casa de Dilma Rousseff. A última delas ocorreu na tarde desta segunda-feira.

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Qual será o perfil do governo Dilma?

Será um governo muito focado nas questões de estrutura, porque é um compromisso que ela assumiu e tem a ver com a experiência dela de governo. Dilma vai manter a agenda social do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas terá um foco muito forte na superação dos gargalos de infraestrutura que existem hoje no Brasil.

Que relação ela terá com os partidos aliados?

Necessariamente vai ser um governo de frente. Nós ganhamos com uma coligação muito ampla – dez legendas e um vice-presidente do PMDB, que é um grande partido. É diferente do José Alencar, que é um vice extremamente alinhado com o presidente Lula, mas é de um partido pequeno, o PRB. O vice da Dilma é de um partido muito estruturado, com presença parlamentar muito forte, então isso vai tornar o governo necessariamente mais parlamentar.

Qual sua relação com a presidente eleita?

Eu conheço Dilma há 42 anos. Fui colega dela de militância no movimento estudantil, fomos companheiros de organização. Depois ela foi presa na mesma época que eu, nós temos uma história muito longa e muita identidade política. Isso tudo pavimenta nossa relação. Tenha uma relação antiga, boa e fraterna com ela.

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O senhor tem vaga garantida no futuro governo?

Não sei. Dilma não me disse nada e eu jamais tratarei desse assunto com ela. Quem tem de falar é ela, como presidente da República. Dilma não conversou com ninguém sobre isso e não vai fazê-lo tão cedo. Verá primeiro o quadro geral da situação para, depois, conversar sobre nomeações.

Existe a possibilidade do governo Dilma adotar propostas defendidas pela Conferência Nacional de Comunicação (Confecom)?

Essa história da conferência foi um pouco amplificada pela mídia e pela campanha do adversário. Esse tipo de encontro sempre existiu, o governo não tem compromisso com o que sai dessas conferências. Dilma já falou reiteradas vezes que tem um compromisso inarredável com a liberdade de imprensa. E, até onde seu sei, vale a palavra dela. Então não vejo por que existe tanta celeuma em torno desse tema.

Como o senhor avalia a posição de alguns petistas de que a derrota da sua candidatura ao Senado se deve ao acordo feito com Aécio Neves (PSDB) em 2008?

Em 2008 nós tivemos um candidato a prefeito, Márcio Lacerda (PSB), e nessa eleição fizemos uma aliança informal com Aécio Neves (PSDB). O Márcio ganhou a eleição, tem um vice que é do PT e vários secretários do PT. O acordo foi vitorioso. Agora em 2010, nós fizemos uma coligação em Minas por uma exigência nacional com o PMDB. A chapa majoritária – com Hélio Costa (PMDB) e Patrus Ananias (PT) – teve um resultado eleitoral em Belo Horizonte muito abaixo das nossas médias históricas na cidade. Como no meu parâmetro o voto avalia o êxito de qualquer política, parece que a aliança de 2008 foi aprovada pelo eleitorado e a de 2010 não foi. Esta aliança de agora foi derrotada, repudiada pelo voto popular.

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O senhor guarda rancor de Patrus Ananias (os dois são adversários em Minas e Patrus costurou a aliança com o PMDB, deixando Pimentel sem legenda para disputar o governo do estado)?

Eleição sempre é um momento mais tenso. Depois que passa, tudo se acomoda, tudo fica mais fácil. Nossa relação está ótima, está tudo maravilhoso. Não há nenhum reparo.

O esquema do grupo de inteligência dentro da campanha petista prejudicou sua eleição em Minas Gerais?

Não temos nada a ver com isso, pelo contrário, o caso resultou apenas em um processo contra José Serra (PSDB). Ele é réu por calúnia, injúria e difamação. A investigação da Polícia Federal apontou um repórter [Amaury Junior] como sendo responsável pela quebra de sigilo. O assunto está elucidado e não gerou nenhum efeito secundário ou prejuízo para campanha.

Qual sua relação do Rui Falcão, depois da indisposição entre vocês por causa do esquema de inteligência?

Boa, normal, conheço-o há muitos anos e tenho relações muito fraternas com ele. O problema que ocorreu foi uma questão entre jornalistas, porque o Rui é jornalista. Parece-me que houve uma disputa profissional, mas isso nunca me envolveu.

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