Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

PF: Geddel pode ter lavado R$ 6,3 mi em aluguel de máquinas

Análise de documentos apreendidos na Cui Bono? indica que locações de equipamentos agrícolas para fazendas podem ter sido falsificadas

Por João Pedroso de Campos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 27 dez 2017, 14h39 - Publicado em 27 dez 2017, 14h33

A Polícia Federal informou ao Supremo Tribunal Federal (STF) ter encontrado indícios de que o ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) pode ter lavado 6,3 milhões de reais por meio de alugueis de máquinas agrícolas para suas fazendas, no interior da Bahia. A alegação consta de um relatório assinado pelo agente da PF Arnold Fontes Mascarenhas Neto, enviado no último dia 29 de novembro ao ministro Edson Fachin, relator do inquérito aberto contra Geddel no STF a partir da Operação Cui Bono?.

O relatório que trata do aluguel de maquinário agrícola analisou anotações e planilhas apreendidas nos desdobramentos da Cui Bono?. A documentação indica que a família do ex-ministro alugou mensalmente, durante 39 meses, entre 13 e 15 máquinas (tratores, esteiras e pás carregadeiras) e desembolsou por isso 6.343.863 reais. A locadora era sempre a JR Terraplanagens, propriedade de Valério Sampaio, apontado pela Polícia Federal como “funcionário informal” das fazendas de Geddel.

Embora os preços cobrados pelas locações estivessem dentro da média da região de Vitória da Conquista (BA), onde a JR está sediada, a PF analisou o horímetro dos equipamentos e concluiu que o número elevado de horas de trabalho por máquina indica que os valores dos alugueis podem ter sido falsificados para lavar dinheiro – os preços são calculados com base nas horas de trabalho de cada equipamento.

Um dos exemplos citados pelos investigadores no documento remetido ao STF é o de um trator que trabalhou 384 horas no mês de novembro de 2016, uma média de 13 horas em cada um dos dias – incluindo finais de semana e feriados – com custo de 70 reais por hora, um total de 26.880 reais no mês.

“É de notório conhecimento o vasto patrimônio que Geddel Vieira Lima possui em fazendas no interior da Bahia. São um total de 12 (doze) propriedades, que totalizam cerca de 9.000 (nove mil) hectares, com valor de mercado de cerca de R$ 67.000.000,00 (sessenta e sete milhões de reais). Apesar dessa alta quantidade, o aluguel de um número elevado de máquinas agrícolas, trabalhando muitas delas por mais de 12 horas diárias, ao longo de mais de três anos toma tal prestação de serviço suspeita à pratica de delitos”, sustenta o relatório da PF.

Continua após a publicidade

Geddel está preso desde setembro, depois que a PF encontrou 51 milhões de reais em dinheiro vivo em um apartamento ligado à família Vieira Lima em Salvador. O bunker milionário levou a Procuradoria-Geral da República (PGR) a denunciar o ex-ministro, o irmão dele, deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), e a mãe deles, Marluce Vieira Lima, pelos crimes de associação criminosa e lavagem de dinheiro. A Cui Bono? apura se Geddel e outros peemedebistas receberam propina em contratos e empréstimos da Caixa Econômica Federal enquanto ele foi vice-presidente de Pessoa Jurídica do banco estatal.

Empresa sem estrutura condizente

Ainda conforme a investigação da Polícia Federal, a JR Terraplanagens funciona em um endereço em que “há tão somente a residência do Sr. Valério, não havendo qualquer placa indicando o funcionamento de um estabelecimento comercial”.

Ao apurar sobre a empresa junto a moradores da região, a PF ouviu que Valério Sampaio realmente trabalhava com maquinário pesado, mas em um negócio pequeno com, no máximo, três equipamentos agrícolas. “[A empresa] aparentemente não possui uma estrutura condizente com um estabelecimento comercial capaz de alugar cerca de quinze máquinas agrícolas, por um período de trinta e seis meses, ao político baiano, tampouco adequada ao volume de dinheiro que supostamente receberia frente a grande quantidade de serviço prestado”, diz a PF.

Continua após a publicidade

Outras informações colhidas pelos investigadores na cidade apontaram que Sampaio se apresenta como administrador de negócios de Geddel Vieira Lima. “Destaca-se também que em consulta as ocorrências policiais registradas por Valério, esse se identifica como administrador de propriedade rural do ex-Ministro (Fazenda Esmeralda, situada no município de ltapetinga/BA), prestando inclusive a notitia criminis de delitos que ocorreram na mencionada propriedade”, informa o relatório.

Em frente à residência do empresário, além disso, a PF fotografou uma caminhonete registrada no nome de Afrísio Vieira Lima, pai de Geddel, já falecido.

O dinheiro encontrado pela PF em apartamento ligado a Geddel Vieira Lima, em Salvador (Policia Federal/Divulgação)
Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.