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Além de Bolsonaro x Maia: outros embates que causaram desgastes ao governo

Para além da crise entre Bolsonaro e Rodrigo Maia, VEJA reuniu episódios nos quais a relação entre Executivo e Legislativo foi abalada

Por André Siqueira Atualizado em 27 mar 2019, 20h45 - Publicado em 27 mar 2019, 20h33

A troca de farpas entre Jair Bolsonaro e Rodrigo Maia (DEM-RJ), nesta quarta-feira 27, reacendeu a crise entre o Executivo e o Legislativo, que os correligionários do presidente da República tentaram amenizar nos últimos dias.

Em entrevista à TV Bandeirantes, Bolsonaro disse que Maia estaria abalado por questões pessoais, em referência à prisão de Moreira Franco, padrasto de sua mulher. O presidente da Câmara dos Deputados rebateu e afirmou que Bolsonaro está “brincando de presidir o país”. Em resposta, Bolsonaro classificou a declaração como irresponsável: “Não existe brincadeira da minha parte, muito pelo contrário, eu lamento palavras nesse sentido. Até quero não acreditar que ele tenha falado isso”, declarou.

O atrito entre Bolsonaro e o Legislativo pode afetar sua agenda de reformas, sobretudo a tramitação da Previdência, e desgastar seu capital político para o restante do governo. VEJA reuniu abaixo outros casos nos quais o embate entre os Poderes impôs derrotas ao governo.

Dilma Rousseff

A derrocada de Dilma Rousseff começou com a eleição de Eduardo Cunha (MDB), hoje preso, para a presidência da Câmara dos Deputados, em fevereiro de 2015. Alinhado ao Centrão, bloco partidário que na época era formado por PP, PR, PSD, PRB, PSC, PTB, SD, PHS, Pros, PSL, PTN, PEN e PT do B, Cunha pôs em votação uma série de pautas-bombas que minaram a gestão de Dilma.

Criticada por parlamentares pela inabilidade política, a petista teve sua popularidade afetada pelo agravamento da recessão no país, que incentivou uma série de protestos contra sua gestão, como os “panelaços”. Além disso, as chamadas pedaladas fiscais, utilizadas para maquiar os números de seu governo e retardar os efeitos colaterais para a população – em dezembro de 2014, o governo anunciou o aumento das tarifas de luz e combustível –, somadas às investigações da Operação Lava Jato e a nomeação do ex-presidente Lula como ministro-chefe da Casa Civil contribuíram para enfraquecer ainda mais sua base aliada.

Sem apoio popular e sem poder de articulação no Congresso para barrar o avanço das pautas-bombas, Dilma sofreu impeachment e deixou o cargo em 31 de agosto de 2016. Na Câmara, 367 dos 513 deputados foram favoráveis ao processo contra a presidente. No Senado, 61 dos 81 senadores aprovaram a destituição da petista.

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Luiz Inácio Lula da Silva

Antecessor de Dilma, o governo Luiz Inácio Lula da Silva enfrentou uma crise política causada pelas denúncias do então presidente do PTB, Roberto Jefferson, de que o tesoureiro do PT, Delúbio Soares, pagava uma “mesada” a deputados do Partido Progressista (PP) e Partido Liberal (PL) em troca de apoio nas votações de interesse do Executivo.

O episódio manchou a reputação do governo petista e enfraqueceu a articulação política do PT no Congresso. O estopim do desgaste se deu na eleição para a presidência da Câmara, ainda em 2005. O candidato oficial do governo, Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP), foi derrotado por Severino Cavalcanti (PP-PE), deputado do baixo clero que lançou uma candidatura independente. Cavalcanti conquistou 300 votos – contra 195 votos de Greenhalgh – e selou a primeira derrota do governo no Congresso.

Severino Cavalcanti presidiu a Câmara por sete meses, até renunciar – Cavalcanti se envolveu no episódio do “mensalinho”, acusado de receber propina de um prestador de serviços do prédio da Câmara – para evitar a cassação.

Fernando Collor de Mello

Collor, então no nanico PRN, assumiu a presidência em meio à inflação de mais de 1.000% ao ano. Logo de cara, Collor criou um plano de recuperação econômica que continha uma série de medidas austeras e impopulares, como o confisco das poupanças e o aumento dos impostos. A iniciativa não surtiu efeito, o que gerou insatisfação popular – em agosto de 1992, Collor foi alvo de manifestações do grupo “Caras Pintadas”, que tinha o claro objetivo de tirá-lo do poder.

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Paralelo a isso, no campo político, em 1991 surgiram denúncias de corrupção envolvendo sua esposa, Rosane Collor. Em maio de 1992, em entrevista a VEJA, o irmão do presidente, Pedro Collor, deu detalhes da relação de Fernando Collor com seu tesoureiro, Paulo César Farias, que seria o “testa-de-ferro” do então presidente, ou seja, o responsável por realizar acordos escusos e fraudulentos para omitir a identidade do verdadeiro contratante. “O Paulo César é a pessoa que faz os negócios de comum acordo com o Fernando. Não sei exatamente a finalidade dos negócios, mas deve ser para sustentar campanhas ou manter o status quo”, disse a VEJA.

Collor foi alvo de uma CPI que provou as irregularidades atribuídas a ele e PC Farias. Em setembro de 1992, o Congresso aprovou o pedido de impeachment e o processo contra Collor foi aberto – ele foi afastado do cargo dois dias depois.

Eleito pelo PRN, Collor tinha fraca sustentação política, com poucos partidos de relevância compondo a sua base aliada. Prova disso é que, na sessão que aprovou o processo de impeachment, apenas 38 dos 502 deputados disseram não ao pedido.

Afastado do cargo de presidente, Collor renunciou no dia 29 de dezembro, a fim de evitar a inelegibilidade por oito anos. Mesmo assim, o Congresso votou e cassou os direitos políticos do atual senador.

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