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O mistério do “bruxo” na Casa Civil de Jair Bolsonaro

Há uma foto do general Golbery do Couto e Silva no gabinete do ministro Ciro Nogueira, que diz não saber como o retrato foi parar lá

Por Daniel Pereira 5 mar 2022, 15h03

No gabinete do ministro-chefe da Casa Civil no Palácio do Planalto há uma retrato de Golbery do Couto e Silva, que ocupou o cargo nos governos militares dos generais Ernesto Geisel e João Baptista Figueiredo. Pendurada numa parede, a foto é acompanhada de uma pequena placa, com um breve resumo da vida do homenageado. “Nascido em 21 de agosto de 1911, na cidade de Rio Grande, no Estado do Rio Grande do Sul. General e geopolítico brasileiro, tornou-se reconhecido como um dos principais teóricos da doutrina de segurança nacional, elaborada nos anos 50 pelos militares brasileiros da Escola Superior de Guerra, sendo um dos criadores do Serviço Nacional de Informações. Ex-chefe da Casa Civil entre 1974 e 1981. Faleceu em 18 de setembro de 1987 na cidade de São Paulo.”

Atual chefe da Casa Civil, o senador licenciado Ciro Nogueira, mandachuva do PP e do Centrão, diz que não sabe como o retrato foi parar no gabinete e alega que o mantém lá porque “não gosta de mexer nas coisas”. É uma precaução pertinente, considerando-se a lógica de um subordinado de Jair Bolsonaro, já que o presidente da República é um entusiasta da ditadura militar e tem três generais em seu ministério — Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional, Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria-Geral da Presidência, e Braga Netto, que comanda a Defesa e é cotado para a vaga de vice na chapa à reeleição de Bolsonaro.

“Quando eu cheguei já estava aí. Sempre esteve. Sempre que eu visitei os últimos três ministros, a foto estava aí”, diz Ciro. O governo Bolsonaro teve três chefes da Casa Civil antes do senador. O primeiro deles foi o deputado Onyx Lorenzoni. O segundo, Braga Netto. E o terceiro, Luiz Ramos. VEJA perguntou às assessorias de cada um deles de quem partiu a ideia de prestar reverência a um antigo antecessor, mas até aqui não houve resposta.

Chamado de “bruxo” em razão de sua reconhecida capacidade de articulação, Golbery foi decisivo para a distensão e a abertura política do país após a fase mais violenta da ditadura. Já Ciro, que se define como um amortecedor, trabalha diariamente para evitar confrontos entre o presidente da República e os demais poderes. Nem sempre dá certo. O atual ministro diz não reconhecer semelhanças entre ele e o antecessor. Em seu gabinete, não há referência a nenhum outro ocupante do cargo, seja no regime militar, seja na democracia.

“Ele foi um ícone na sua época, uma figura muito representativa do momento que o país estava vivendo. E eu, com meus limites, vim para cá para tentar ajudar num momento muito difícil para o país, de muita instabilidade, muitos conflitos.  Cada uma na sua época, não tem muita semelhança entre a gente não.”

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