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O “bolsonarismo light” do governador de Santa Catarina

Embora se mantenha fiel ao presidente, Carlos Moisés já se encontrou com o MST, defende as minorias e criou até um "ICMS verde" para o estado

Por Edoardo Ghirotto
Atualizado em 25 out 2019, 10h59 - Publicado em 25 out 2019, 07h00

Um dos três governadores eleitos pelo PSL, o partido de Jair Bolsonaro (pelo menos até ele resolver seu destino após o rompimento com a sigla), Carlos Moisés da Silva, de Santa Catarina, é o criador do “bolsonarismo light”, que pode ser definido como um prodígio da arte do equilibrismo político. Mesmo se mantendo como aliado de um governo federal que cobra 100% de fidelidade em todas as questões, Moisés procura se distanciar dos ideais mais radicais da onda conservadora capitaneada pelo presidente. Ele já recebeu em seu gabinete representantes do MST e da comunidade LGBT, designou também um professor para ensinar a policiais militares como fazer de forma civilizada abordagens a transexuais nas ruas e projetou a tributação do uso de agrotóxicos de acordo com o grau de periculosidade das substâncias, medida apelidada de “ICMS verde”. A agenda chama mais atenção ainda quando se leva em conta que Santa Catarina foi o estado que deu a maior votação proporcional a Bolsonaro nas últimas eleições (71%).

Antes de entrar para a política, o governador fez uma carreira de três décadas no Corpo de Bombeiros, daí ter concorrido nas urnas como Comandante Moisés. A filiação ao PSL ocorreu a sete meses do início da campanha. “Não tinha me candidatado nem a síndico de prédio”, brinca. Até aqui, sua grande ação no Poder Executivo consistiu em sancionar em junho uma reforma administrativa, com extinção de secretarias e redução de pouco mais de 2 000 cargos comissionados e de confiança. Ele estima que a diminuição da máquina pública e a revisão de contratos reduzirão o déficit público de 2,5 para 1,2 bilhão de reais neste ano. A maior dor de cabeça tem sido justamente lidar com as críticas que recebe por não comungar da cartilha bolsonarista ortodoxa.

A agenda “esquerdista” de Moisés o tornou alvo da bancada bolsonarista na Assembleia Legislativa do estado. De seis deputados eleitos, quatro fazem oposição ao seu governo, entre eles Ana Campagnolo, que é próxima ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). Moisés já foi ofendido e chamado de “comunista” nas redes sociais e em blogs alinhados ao governo Bolsonaro. Por outro lado, garante que é cumprimentado nas ruas até por eleitores de esquerda que se surpreenderam com as pautas de sua gestão. “Governo para todos”, afirma. Moisés mantém uma relação protocolar com Bolsonaro e diz ter plena confiança no governo do presidente. Questionado sobre os barulhentos filhos de Bolsonaro, que não economizam nas caneladas em qualquer um capaz de se desviar um milímetro da ideologia da família, o catarinense manda um aviso: “Não me refiro a eles e espero que nunca se refiram a mim”. É uma amostra de que até o “bolsonarismo light” pode um dia mostrar suas garras.

Publicado em VEJA de 30 de outubro de 2019, edição nº 2658

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