Na TV, Bolsonaro quer resgatar bolsonaristas arrependidos
Estrategistas da campanha vão usar os programas eleitorais para tentar recuperar eleitor decepcionado com o presidente
O presidente Jair Bolsonaro tenta a reeleição com uma exposição bem diferente que a de 2018. Há quatro anos, o então candidato contava com apenas oito segundos de propaganda gratuita na televisão – tempo suficiente para só fazer um chamamento para um canal alternativo. Manejadas pelo filho Carlos Bolsonaro e já recorrendo às lives cujo cenário era uma bandeira do Brasil pregada em fita crepe, as redes sociais foram usadas pelo ex-capitão para apresentar propostas, dar as suas já conhecidas declarações controversas e apresentar promessas da campanha.
Agora, tudo mudou. Nas propagandas eleitorais, que começaram a ser veiculadas nesta sexta-feira, 26, Bolsonaro terá o segundo maior tempo, atrás apenas de Lula, conta com uma equipe profissional de comunicação e marketing, com direito a gravações em estúdio de ponta, e traça um roteiro para fazer da TV um canal para furar a bolha das redes sociais.
Com as propagandas, a campanha bolsonarista mira um resgate aos “arrependidos”, uma margem calculada em 15% de eleitores que votaram no presidente em 2018, mas que agora buscam um novo candidato. Estrategistas do projeto à reeleição recorreram a pesquisas qualitativas para traçar um público-alvo da propaganda na televisão, e constataram que os “ex-bolsonaristas” têm principalmente uma raiz antipetista, mas também não querem votar em Bolsonaro porque o considera raivoso e intempestivo. “É um meio termo. Obviamente, ele não vai ser um cara morno, mas ao tempo não vai ser agressivo ou combativo”, afirmou um aliado ligado à comunicação da campanha.
A campanha de Bolsonaro também identificou um perfil de eleitor diferente em comparação ao de quatro anos atrás, menos afeito a pressões, arroubos ou falta de equilíbrio. Por isso, como resumiu um dos integrantes da campanha, irá ao ar o “Bolsonaro do Jornal Nacional” – mais contido e sereno, com acenos para a estabilidade.
Nas peças na televisão, é esperada também a participação da primeira-dama, que se tornou um ativo principalmente entre as mulheres e os evangélicos, e a exaltação de uma agenda de costumes, com destaque para a família e a religiosidade.
Outro ativo do governo será a propagação da criação do Auxílio Brasil, programa que turbinou o Bolsa-Família e rivaliza diretamente com um dos principais legados petistas, e da redução do preço do combustível.