MST critica lentidão de Lula para nomear e ataca primo de Lira no Incra
"Abril Vermelho", manifestação conhecida pelo elevado número de invasões de terras, quer pressionar o governo a acelerar nomeações
O MST já conquistou duas áreas estratégicas do governo Lula. O movimento indicou uma de suas coordenadoras, Kelli Mafort, para a Secretaria Nacional de Diálogos Sociais e Articulação de Políticas Públicas da Presidência da República. Depois, o coordenador de produção nas cooperativas do movimento, Milton José Fornazieri, assumiu o cargo de secretário de Abastecimento, Cooperativismo e Soberania Alimentar do Ministério do Desenvolvimento Agrário, mesmo presidindo uma ONG que está inadimplente com o próprio MDA.
Mas o MST ainda não está satisfeito. Nesta semana, o movimento direcionou sua artilharia contra o governo do presidente Lula e contra o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). É bom lembrar que Lula tem feito de tudo para atrair a bancada de parlamentares sob o comando de Lira para a base de apoio do governo, já que é na Câmara que serão analisados os projetos de interesse do governo, como a reforma tributária e o novo arcabouço fiscal.
Petardos contra o governo Lula e a contra Lira foram disparados por uma das coordenadoras nacionais do MST, Ceres Hadich, e foram referendados por todo o movimento. Ela criticou o governo por não ainda não ter nomeado os 29 superintendentes do Incra nos estados, que terão a missão de tocar a reforma agrária. Estas nomeações são levadas ao Palácio do Planalto e passam pelo crivo direto do Planalto. “A gente não entende a lentidão nesse processo”, disse Ceres ao jornal Brasil de Fato, que acompanha as manifestações do movimento.
A coordenadora do MST criticou o governo Lula também por manter nas superintendências de alguns estados pessoas, segundo o movimento, ligadas “ao agronegócio e ao bolsonarismo”. Ceres citou o caso de Alagoas, onde o Incra é chefiado por Wilson César de Lira Santos, primo do presidente da Câmara, Arthur Lira. Para a coordenadora do MST, o Incra passou neste período do bolsonarismo por uma “descaracterização”.
Ceres diz que estes superintendentes nomeados no governo de Jair Bolsonaro são contra a reforma agrária. “Se de um lado a gente tem essa indefinição, do outro, especialmente onde ainda estão nomeados superintendentes bolsonaristas, para além de não fazer avançar a pauta da reforma agrária, eles ainda têm operado contra”, diz a coordenadora do MST.
Outro dirigente do MST que tem criticado a falta de celeridade para nomear os superintendentes é João Paulo Rodrigues. Ele foi coordenador de mobilização da campanha de Lula nas últimas eleições. “Nosso medo é que não podemos chegar em abril sem ter o Incra funcionando a todo vapor”, diz João Paulo, fazendo referência ao mês em que o MST comemora o chamado “Abril Vermelho” invadindo mais fazendas.