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Mourão e outros governistas que já acenaram à Coronavac

Em entrevista a VEJA, vice se tornou o membro do governo a fazer a maior contraposição ao presidente, mas outros aliados também admitiram a vacina chinesa

Por Da Redação Atualizado em 30 out 2020, 19h47 - Publicado em 30 out 2020, 18h55
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  • O vice-presidente da República, general Hamilton Mourão, provocou grande repercussão ao afirmar, em entrevista a VEJA na edição desta semana, que tomaria a vacina Coronavac, contra a Covid-19, que será produzida pelo governo de São Paulo em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac, e que o governo federal vai comprar o imunizante se ele for aprovado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

    A fala de Mourão foi a mais importante de um membro do governo até agora a fazer um contraponto ao presidente Jair Bolsonaro, que vem afirmando que não comprará a vacina mesmo que ela seja aprovada pelos órgãos sanitários.

    Outros membros do governo – ou aliados – já haviam, no entanto, sinalizado a favor da Coronavac, mesmo que de forma menos incisiva do que Mourão. O primeiro foi o próprio ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, no dia 20 de outubro, após uma reunião com governadores sobre o tema. “A vacina do Butantan será a vacina brasileira’, disse depois de assinar um protocolo de intenções para a compra do produto e sua inclusão  no Programa Nacional de Imunização. No dia seguinte, no entanto, foi desautorizado pelo presidente Bolsonaro.

    O presidente da própria Anvisa, Antônio Tostes Barra, que participou da reunião, foi na mesma linha ao dizer que a população poderia confiar em uma vacina autorizada pelo órgão. “Espero que a população continue confiando pelo menos na instituição que presido, que é quem tem a responsabilidade de dizer a um pai de família: ‘Vacine sua família’. Dizer a uma mãe: ‘Vacine seus filhos, tome sua vacina’. Espero que a população nunca perca a confiança na Anvisa, justamente por isso me agarro e não abro mão da ciência, e deixo a política para os políticos”, afirmou em entrevista ao jornal O Globo na quarta-feira, 28.

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    Na quinta-feira, 29, durante uma tumultuada audiência online na Câmara dos Deputados, o ministro Paulo Guedes (Economia), defendeu a importância de haver uma vacina – ele não citou a Coronavac, mas afirmou que o próprio governo de São Paulo teria de pagar por ela. “Só estaremos livres quando a vacina surgir, enquanto isso continuaremos vulneráveis e ameaçados (…). Agora, nós já mandamos bastante dinheiro para São Paulo. Tomara que São Paulo encomende, pague a vacina e vacine a sua população”, disse. “Pede dinheiro para fazer vacina, agora pede dinheiro para eu pagar, para mandar para São Paulo de novo. Já mandamos dinheiro de saúde para São Paulo”, completou.

    Ao ser questionado se tomaria a vacina, Guedes disse que é contra a obrigatoriedade e que tomar ou não é uma decisão pessoal. “Eu sou um liberal, acredito que a vacina é uma decisão voluntária de cada um. Se o sujeito prefere ficar trancado em casa seis anos, não trabalhar, não tomar vacina nenhuma, problema dele. Se ele sair e quiser tomar três vacinas, ele toma”, afirmou.

    Governadores

    Dois dos pouco governadores aliados do presidente também defenderam a Coronavac logo após participarem da reunião desautorizada por Bolsonaro. “A melhor notícia do ano, sem nenhuma dúvida! A vacina contra a Covid-19 vai estar disponível a partir de janeiro em todos os estados brasileiros. Primeiramente, serão 46 milhões de doses da vacina Butantan – Sinovac/Covid-19”, afirmou Ronaldo Caiado (DEM), de Goiás, em vídeo postado no Twitter logo após o encontro. Romeu Zema (Novo) também publicou um vídeo no mesmo dia dizendo que Minas Gerais estaria pronto para distribuir a vacina e fornecê-la a todos os mineiros.

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    Caiado – Coronavac 1
    O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), diz que a Coronavac é ‘a melhor notícia do ano’ (Reprodução/Twitter)

    Candidato a prefeito de São Paulo apoiado por Bolsonaro, Celso Russomanno (Republicanos), de São Paulo, também manifestou, em sabatina do projeto VEJA E VOTE, opinião discordante do seu padrinho político. “Com relação à vacina, seja ela chinesa ou qualquer outra, precisa passar pelos testes e pela Anvisa. Não vejo problema nenhum, desde que a vacina seja comprovadamente bem-sucedida, aí não teria problema nenhum em ter a vacina na cidade de São Paulo, inclusive com campanha de orientação para que as pessoas se vacinassem”, declarou. “Quanto à procedência da vacina não tenho problema nenhum, tem vários laboratórios trabalhando em relação a isso, estamos torcendo para que o mais rápido possível termos uma vacina que seja realmente eficaz”, completou.

    Mourão x Bolsonaro

    Na entrevista a VEJA, no entanto, Mourão foi o mais enfático de todos os governistas na oposição ao que pensa o presidente Jair Bolsonaro. “Essa questão da vacina é briga política com o Doria. O governo vai comprar a vacina, lógico que vai. Já colocamos os recursos no Butantan para produzir essa vacina. O governo não vai fugir disso aí”, afirmou. Questionado se teria algum receio de tomar alguma vacina que venha da China, respondeu: “Não, desde que esteja certificada pela Anvisa. Não tem problema nenhum”.

    No dia 21 de outubro, Bolsonaro foi muito claro, em entrevista à Jovem Pan, que o governo não comprará a vacina nem se ela for aprovada pela Anvisa. “Da China nós não compraremos. É decisão minha”, disse. (…). “Há outras vacinas mais confiáveis. Então, está encerrado esse assunto”, completou. Na quinta-feira, 29, durante a tradicional live semanal nas redes sociais, ele chegou a dizer que a vacina era do governador João Doria (PSDB), seu desafeto político. “Eu que sou governo, o dinheiro não é meu, é do povo, não vai comprar a sua vacina também não, tá ok? Procura outro para pagar a tua vacina aí”, declarou.

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