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Russomanno diz não ver ‘problema’ em vacina chinesa, caso Anvisa aprove

Candidato diverge de Bolsonaro, seu principal apoiador, a respeito de problema com a procedência da vacina, mas concorda sobre não obrigatoriedade

Por Redação
Atualizado em 23 out 2020, 17h25 - Publicado em 23 out 2020, 12h31

Na quinta e última entrevista do projeto VEJA E VOTE com candidatos à prefeitura de São Paulo, o deputado federal Celso Russomanno, do Republicanos, divergiu do presidente Jair Bolsonaro, maior apoiador de sua campanha, a respeito da aplicação da vacina contra o novo coronavírus desenvolvida pelo Instituto Butantan em parceria com a chinesa SinoVac, a CoronaVac.

Aos colunistas de VEJA Augusto Nunes e Ricardo Noblat e ao repórter Ricardo Ferraz, que conduziram a sabatina, Russomanno afirmou não ver problemas na aplicação de uma vacina, seja qual for sua procedência, contanto que tenha eficácia comprovada e aprovação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

“Com relação à vacina, seja ela chinesa ou qualquer outra, precisa passar pelos testes e pela Anvisa. Não vejo problema nenhum, desde que a vacina seja comprovadamente bem-sucedida, aí não teria problema nenhum em ter a vacina na cidade de São Paulo, inclusive com campanha de orientação para que as pessoas se vacinassem”, declarou o candidato. “Quanto à procedência da vacina não tenho problema nenhum, tem vários laboratórios trabalhando em relação a isso, estamos torcendo para que o mais rápido possível termos uma vacina que seja realmente eficaz”, completou.

Na última terça-feira, poucas horas depois de o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, se comprometer em uma reunião com 24 governadores a investir 1,9 bilhão de reais na CoronaVac para distribuí-la pelo SUS, Bolsonaro o desautorizou. “Não compraremos a vacina da China”, afirmou o presidente, que vê na vacina chinesa como um trunfo eleitoral ao governador de São Paulo, João Doria (PSDB), seu inimigo político e pretenso candidato ao Planalto em 2022. Reportagem de capa de VEJA desta semana mostra os bastidores de como a vacina contra a Covid-19 entrou na queda de braço da política.

Embora tenha divergido de Bolsonaro sobre a aplicação da vacina, Celso Russomanno se alinhou ao discurso do presidente acerca da não obrigatoriedade da vacinação. “Não podemos fazer isso, existe na legislação, no Estatuto da Criança e do Adolescente, a obrigatoriedade de os pais conduzirem seus filhos para vacinação. Agora, a obrigação por imposição policial não é o caminho, até porque tem muita gente tem problemas inclusive religiosos e outros tipos de problema para tomar a vacina, acho e vamos fazer campanha maciça para que as pessoas tomem a vacina”, disse.

Em outro momento na entrevista, Russomanno ressaltou ser amigo de Bolsonaro desde 1995, disse esperar que a relação com o governo federal traga recursos à cidade e afirmou concordar com ele “em algumas coisas”, mas pontuou ter “opiniões próprias”.

“Quem vai governar São Paulo é o Celso Russomanno. Agora, que eu quero e preciso do apoio dele e do governo federal para isso acontecer, eu não só quero como preciso, no governo federal eu tenho dinheiro, tenho condição de renegociar dívida, tenho condição de trazer recursos para resolver o problema do Rio Pinheiros, dos seus afluentes, para acabar com todos esses mosquitos que infestam a cidade, ou seja fazer alguma coisa pela questão ambiental, ele tem dinheiro para mandar para a gente para a saúde, vamos precisar de muito dinheiro para retomar as condições normais de exames, consultas, cirurgias eletivas. Eu preciso do governo federal, conto com o governo federal, fico muito feliz dele estar me apoiando”, declarou.

Pesquisas

Após largar na liderança da disputa pela prefeitura paulistana, Celso Russomanno vem caindo nas pesquisas eleitorais. Levantamento do Datafolha divulgado nesta quinta-feira, 22, mostra que ele passou de 27% para 20% e perdeu a o primeiro lugar para o prefeito, Bruno Covas (PSDB), que foi de 21% para 23%.

O candidato atribui o crescimento do tucano ao horário eleitoral, em que dispõe de 51 segundos, contra três minutos e meio de Covas. Embora seja o mais rejeitado entre os candidatos, com 38% neste quesito, segundo o Datafolha, o deputado diz que o objetivo deve ser se manter entre os dois primeiros, para chegar ao segundo turno, onde teria condições de reverter o avanço do prefeito.

“Sabíamos ele [Bruno Covas] teria mais tempo para divulgar as propostas e que isso o ajudaria, depois que entrassem os programas eleitorais. Para a gente, independente das pesquisas, o importante é que se a gente sobreviveu depois de todos esses dias de televisão com apenas 51 segundos e evidentemente sofrendo ataques nas redes sociais, a gente acha que está muito bem, o que importa pra gente é ir ao segundo turno, porque no segundo turno o tempo de televisão é igual, e de televisão eu entendo”, avaliou Russomanno.

Retomada da economia

Na sabatina, Russomanno citou dois programas do governo federal como pontos de seu plano para a retomada da economia de São Paulo após a pandemia: o Casa Verde e Amarela e o auxílio emergencial. Ele entende que o programa de habitação, aliado à aprovação de legislação para melhorias e uso de cerca de 700 prédios desocupados no centro da cidade, pode impulsionar o setor da construção civil na capital paulista. O deputado também reafirmou que pretende criar a versão paulistana do auxílio emergencial, como forma de “complementar” a renda transferida pelo governo federal, prevista, no entanto, até dezembro deste ano.

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Outras medidas de estímulo econômico propostas por Celso Russomanno são a redução “paulatina” do ISS (Imposto Sobre Serviços), para atrair à capital paulista empresas que buscam cidades vizinhas por taxas mais baixas, e a exploração do turismo em São Paulo. Atribuindo aglomerações às periferias, Russomanno ainda disse que o setor de eventos se adequou às normas de segurança na pandemia e deve retomar as atividades “imediatamente”.

Reabertura das escolas

Depois de o prefeito Bruno Covas anunciar para o dia 3 de novembro as aulas no Ensino Médio, Celso Russomanno afirmou na entrevista que teria reaberto as escolas antes. Novamente atribuindo aglomerações às periferias da cidade, o candidato argumentou que, nos bairros mais pobres, as crianças “estão nas ruas brincando, se abraçando, jogando bola, porque elas não têm opção”.

“As famílias de baixa renda vivem em dois cômodos às vezes três cômodos em até cinco, seis, oito pessoas, a gente não tem distanciamento nas periferias, isso inexiste, nem por causa disso a quantidade de pessoas contaminadas é tão grande assim”, declarou. “Nas escolas privadas estamos levando crianças para ficar duas ou três horas. Não importa se elas estão duas ou três horas ou período integral, elas estão tendo contato, é o suficiente par que houvesse contaminação”, completou.

Teleconsultas

Indagado sobre como pretende acabar com a fila de 1,3 milhão de pessoas aguardando exames, consultas e cirurgias, o candidato do Republicanos citou o uso de teleconsultas, prática autorizada pelo Conselho Federal de Medicina, para desafogar o sistema de saúde. Ele propõe a criação de um sistema municipal que integre, por meio de senhas, pacientes, médicos, prescrições e farmácias.

“Se o cidadão não tiver como fazer a consulta na casa dele porque a conexão é ruim, ou um celular, com hora marcada, acompanhado de um enfermeiro ou médico, ele faz consulta com especialista e vai ter prescrição médica. Essa prescrição vai estar num sistema ‘linkado’ com as farmácias públicas e privadas. Ele dá a senha, a receita sai na tela e o remédio será disponibilizado, ou gratuitamente ou pagando”, explicou.

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