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Venda por lives vira tendência no país e deve liderar comércio no Natal

Rappi inicia venda de produtos por meio de vídeos, modelo de negócio que gira mais de US$ 100 bi na China; diversas varejistas pretendem explorar conceito

Por Felipe Mendes Atualizado em 31 out 2020, 09h04 - Publicado em 30 out 2020, 15h23

Há uma revolução silenciosa no comércio eletrônico brasileiro. Em meio à profusão de lives que tomou o lugar das reuniões presenciais no ambiente corporativo durante a pandemia do novo coronavírus, uma nova tendência de consumo desponta no país. Muitos chamam de “live commerce“, alguns de “live shopping“, outros de “shopstreaming“. Embora o termo ainda não esteja claro e dado, o conceito é um só: aproveitar transmissões em vídeo de artistas, influenciadores e formadores de opinião em geral para comercializar os produtos apresentados. Imagine, por exemplo, assistir ao São Paulo Fashion Week e, em meio à transmissão, poder tirar dúvidas e adquirir o vestido da modelo sem abandonar a tela. Ainda que inicial no país, esse tipo de modelo de negócio virou lugar-comum na China. Em 2020, o mercado de live commerce deve sair da faixa dos 60 bilhões de dólares alcançados no último ano e movimentar cerca de 170 bilhões de dólares, segundo a consultoria iResearch. No Brasil, o superapp de entregas Rappi iniciou, na última quarta-feira 28, sua atuação por meio desse modelo, o que tende a impulsionar a adoção da nova tecnologia por diversos varejistas. Datas importantes para o comércio varejista nacional, como a Black Friday e o Natal, que já seriam diferentes este ano por conta da pandemia, agora podem ter um caráter ainda mais inédito.

O pontapé inicial da Rappi nessa jornada foi por meio de uma transmissão realizada em parceria pelo e-commerce de carnes especiais Debetti com a marca de cerveja artesanal Colorado, da Ambev. Na ocasião, um chef preparou receitas de hambúrgueres que harmonizam com a bebida. Em meio à transmissão, os produtos citados eram vendidos pela metade do preço de catálogo. Esse tipo de ação será cada vez mais comum num futuro próximo. A ideia é que o espectador possa adquirir os ingredientes durante uma live gastronômica e recebê-los em questão de minutos para que acompanhem o passo a passo, literalmente, com a “mão na massa”. “Estamos implementando uma proposta inovadora, que é ter, de fato, o live shopping no Brasil, da mesma forma como acontece hoje na China”, diz Julia Canalini, head de entretenimento da Rappi. Como as transmissões são feitas pelo aplicativo móvel, o cliente não precisa deixar o ambiente para finalizar a compra, já que tem seus cartões de crédito registrados no app. “Algumas marcas falam que estão nesse modelo de negócio, mas o consumidor ainda não consegue fazer a compra sem deixar a live. Mas é claro que isso deve mudar. Ainda estamos no começo dessa história.”

Na última quinta-feira, 29, foi a vez da Polishop endossar a plataforma com uma live para a comercialização de esteiras. A proposta é ter transmissões diárias num futuro próximo, mas, por ora, as videoconferências servem como uma “feira de testes”. Nesse modelo de negócio, a agilidade para a entrega é determinante e a empresa pretende usar suas lojas para fazer com que os produtos cheguem ao consumidor em um curto espaço de tempo. “Como é um projeto em fase de testes, ainda estamos verificando a aderência dos produtos para ajustar as nossas ofertas ao consumidor. É tudo muito novo ainda, mas eu acredito que, com a capilaridade da nossa rede, conseguiremos entregar os produtos com a agilidade que os clientes desejam”, afirma o empresário João Appolinário, CEO da Polishop.

Quem também prepara sua inserção no modelo de venda por lives é a Delivery Center, empresa que usa os shopping centers para a entrega de alimentos e produtos. Em parceria com os locatários do MorumbiShopping, empreendimento da Multiplan, em São Paulo, a companhia está em fase final para a implementação de três estúdios localizados no complexo comercial por onde as varejistas alocadas poderão realizar suas videoconferências para a oferta de produtos. A ideia é usar redes sociais, como Facebook, Instagram e WhatsApp, para difundir as transmissões. Muito em breve, com a possível aprovação do sistema de pagamentos instantâneo WhatsApp Pay pelo Banco Central, a compra poderá ser finalizada na própria mídia social. Segundo pessoas próximas ao desenvolvimento, o projeto da Delivery Center será lançado logo após a Black Friday com o intuito de impulsionar as vendas do Natal. Mais de 40 lojistas do shopping center devem participar da fase inicial do programa.

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Para Pedro Guasti, cofundador da Ebit, agência de pesquisas que faz parte da Nielsen, os sistemas de pagamentos instantâneos do Facebook e do Banco Central serão fundamentais para a popularização do modelo de negócio no país. “Como o WhatsApp está instalado em 99% dos smartphones no Brasil e ele é de uso intensivo, vai ser uma ferramenta de transferência financeira muito potente. Como o brasileiro gosta muito de novidades, quem adotar as vendas por meio de artistas e influenciadores poderá ver um crescimento interessante em volume e faturamento”, projeta. Ele acredita ainda que é o momento ideal para esse movimento por parte das empresas, já que a pandemia de Covid-19 impulsionou o potencial de consumo na internet, fazendo com que pessoas que nunca haviam comprado de forma on-line, adotassem essa alternativa devido à sua comodidade.

Agora, algumas varejistas deram passos significativos para a implementação de live commerce no país. Em junho, a B2W, dona dos site virtual da Lojas Americanas e do Submarino, lançou o Americanas Ao Vivo, inspirado no que a plataforma de e-commerce chinesa Alibaba faz há alguns anos. Para isso, contou com a influenciadora Camila Coutinho e decidiu replicar o modelo ao Shoptime, que, assim como a Polishop, surgiu como um canal de vendas na televisão brasileira. Outras redes como a fabricante de chocolates Dengo, a franquia de óculos Chilli Beans e o Grupo Soma, dono das marcas Farm e Animale, resolveram impulsionar suas vendas on-line com lives de artistas. Acontece que, como ainda não conseguem finalizar as vendas na própria transmissão, suas propostas não oferecem a mesma experiência vista no varejo eletrônico chinês. Isso tende a mudar, sobretudo com a inserção do WhatsApp Pay nesse jogo. “Essa corrida vai ser emocionante. E o melhor de tudo é que tem mercado para todo mundo”, afirma Julia, da Rappi.

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